June 22, 2015

Comércio já disputa os 1.500 trabalhadores da Petrobras

Fonte: A Tribuna - http://www.atribuna.com.br/ - 21/6/2015, página C-4, Economia

# Com sede ocupada há 3 meses, comerciantes abrem de salões de beleza a academias

LUCAS KREMPEL

DA REDAÇÃO

Pouco mais de três meses após a Petrobras iniciar a ocupação da primeira torre de sua sede no Valongo, a região central de Santos começa a ganhar uma nova cara. As ruas Cidade de Toledo, Comércio, São Bento e Marquês de Herval formam o trecho que passa por uma mudança de perfil nos estabelecimentos comerciais.

Hoje, são aproximadamente 1,5 mil funcionários instalados no prédio da estatal, que vive uma crise sem precedentes por conta da Operação Lava Jato – ação que investiga esquema de corrupção na empresa.

Com poucas opções de academias no Centro, a Rua Cidade de Toledo, bem próxima à Praça Mauá, ganhará um novo estabelecimento em julho. Sem nome definido, o espaço utilizará duas bandeiras para atrair o público de escritórios: Killer Bees, do lutador Anderson Silva e Gracie Barra, da família Gracie, idealizadora do UFC.

De acordo com um dos sócios da academia, Rildo Santos, o espaço terá aulas de muay thai, jiu-jitsu e cross fight, para quem quer apenas fazer artes marciais sem compromisso de lutar.

“Vamos sentir qual será a aceitação do público. Podemos ampliar em caso de sucesso. Temos a opção de usar mais um andar aqui”, afirma. Atualmente, a Rua Cidade de Toledo conta com escritórios, restaurantes, café e bares. Não muito longe dali, dois salões de beleza disputam a atenção das funcionárias no bulevar das ruas XV de Novembro e do Comércio. As duas vias são frequentadas pelos trabalhadores da empresa na hora do almoço e término do expediente, no final da tarde. A Rua do Comércio é repleta de casas noturnas. O ponto negativo nessa característica é que os espaços permanecem fechados durante o dia, momento de maior movimentação dos funcionários da estatal. Além das casas noturnas, a via possui muitos casarões históricos em más condições de preservaçãoe sem sinais de possíveis revitalizações por parte dos proprietários.

MUSEU PELÉ

O exemplo mais famoso da mudança de perfil nas redondezas do prédio da Petrobras é o Museu Pelé, na Rua São Bento. Inaugurado em 2014, o museu ocupa um edifício de estilo neoclássico erguido em 1865. O local já abrigou a Prefeitura de Santos e a Câmara Municipal. Fechado desde 1939, o casarão sobreviveu a dois incêndios antes de ganhar uma grande reforma para abrigar o acervo do maior atleta do século 20.

O quarteirão do Museu Pelé também passou por uma revitalização, com reforma das calçadas, nova iluminação e implantação da ciclovia.

Além do Museu Pelé, a Rua São Bento conta com restaurantes antigos reformados, o histórico Santuário do Valongo e casas noturnas, além do restaurante-escola Estação Bistrô, fechado para reforma até julho.

MARQUÊS DE HERVAL

Na Rua Marquês de Herval, onde está localizada a entrada principal do prédio da Petrobras, quem conheceu aquela área meses atrás e passa por lá agora vê grandes mudanças. Entre as ruas São Bento e Cristiano Otoni não há mais entulhos nas calçadas, as vias estão pavimentadas e o tráfego de caminhões foi proibido. Alguns galpões permanecem fechados, sem atividades. Da Rua Cristiano Otoni em diante, o cenário é completamente o oposto. Acrescente ainda problemas hidráulicos que causam alagamentos constantes, principalmente na frente do prédio da CPFL.

Segundo o chefe do Departamento de Obras Públicas da Prefeitura de Santos, Glaucus Farinello, a continuação dos trabalhos na Rua Marquês de

Herval será após o término das obras do complexo imobiliário da Odebrecht. “As etapas são programadas juntamente com as obras dos empreendimentos.

No início de julho deveremos ter o projeto pronto e o orçamento”.

A Secretaria de Infraestrutura e Edificações da Prefeitura de Santos afirma que existem dois projetos de construção de edifícios para área do

Valongo, ainda aguardando aprovação, mas não revela quais são.

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# Sem restaurante, marmita ajuda

A chegada da Petrobras em Santos despertou o interesse de muitos restaurantes refinados e redes de fast food. Muitos sonham com um espaço na frente do prédio, na Rua Marquês de Herval, no Valongo. A falta de áreas disponíveis para locação e o alto custo dos aluguéis, no entanto, afastaram muitos dos interessados. Menos uma sergipana persistente, a empreendedora Josivânia Teixeira Santana, de 45 anos. Proprietária de um carrinho de pastel no Gonzaga, Josivânia conheceu muitos dos funcionários da Petrobras, hoje lotados no Valongo, quando ainda ocupavam um prédio na Rua Marcílio Dias.

“Meu carrinho de pastel aceita cartão-alimentação e isso ajudava na hora de atrair o pessoal. Eles sempre elogiaram o tempero dos pastéis”, diz.

“Quando souberam da mudança, eles disseram que sentiriam saudade do pastel”, completa.

Mas Vânia, como é conhecida pelos funcionários da companhia, não deixou de atender seus clientes. Migrou do pastel para marmita com comida caseira.

Diariamente, ela prepara uma boa remessa de pratos, coloca no carro e deixa os dois filhos e um amigo cuidando da entrega e recebimento do pagamento do pessoal.

“Tentei alugar uma portinha na Marquês de Herval, mas são galpões e as pessoas não querem alugar. Quando aceitam, pedem um valor muito alto”.

Natural de Ribeirópolis, município vizinho de Itabaiana, Vânia prepara os pratos em sua casa, na cozinha de cinco metros quadrados. Bife a rolê, feijoada com farofa e estrogonofe são alguns dos pratos ofertados. O preço? Apenas R$ 10. Em média, a empreendedora comercializa entre 20 e 25 marmitas por dia. “Depende muito do dia, do clima. Alguns funcionários levam comida de casa também”.

Para garantir o atendimento efetivo e pontual, Vânia criou umgrupo no WhatsApp einforma o cardápio aos interessados diariamente, logo cedo, por volta das 7h. “O pessoal almoça entre 11h30 e 13h, então é importante saber desde cedo qual será o prato do dia”, explica.

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# Sem restaurante, marmita ajuda

Principal empreendimento comercial nas proximidades da Petrobras, o Valongo Brasil, da Odebrecht, está na reta final das obras. Com 93% dos trabalhos concluídos, a construção está na parte de conclusão da alvenaria, instalação e acabamento.

O complexo multiuso, na Praça Lions Clube, 420, é composto por uma torre de 21 pavimentos, que vai reunir 329 salas comerciais e um hotel da bandeira Ibis, com 240 quartos. O terreno de 3.892,91 metros quadrados contará ainda com sete lojas voltadas para a rua - formato que valoriza a revitalização do bairro.

A definição do uso das lojas é determinada pelos investidores. Ainda não foi divulgada nenhuma marca que se instalará no espaço. O restaurante será o do próprio hotel, aberto tanto para os hóspedes quanto para o público externo.

Administrado pela Accor Brasil com a bandeira Ibis, o hotel deverá entrar em operação em fevereiro de 2016, visto que a Accor necessita de três meses de pré-operação, segundo informações prestadas pela Odebrecht.

REALIZA JÁ

Hoje, a Odebrecht vai ofertar condições especiais para 18 salas comerciais e duas lojas do Valongo Brasil. A ação faz parte do Realiza Já, mobilização da empresa para liquidar as salas restantes.

Além dos descontos oferecidos durante o evento, as pessoas que fecharem negócio terão o ITBI (Imposto sobre a transmissão de Bens Imóveis) oferecido pela empresa.

O evento Realiza Já será no Blue Office Mall, um dos empreendimentos da empresa, na Avenida Senador Feijó, 686.

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# Estatal concentra funcionários no bairro

Antes ocupando sete prédios em Santos, a Petrobras concentra cada vez mais suas atividades no Valongo. Com aproximadamente 1,5 mil funcionários instalados na nova torre, a estatal já desocupou seus principais edifícios: Rua Marcílio Dias, Rua Dom Pedro II, Avenida Ana Costa e Avenida Conselheiro Nébias.

A exceção é o Centro de Estudos Sedimentológicos e Estratigráficos Rodi Ávila Medeiros, na Rua Benedito Pinheiro, atrás do prédio da Avenida Conselheiro Nébias.

Com investimento de R$ 3,6 milhões, o espaço foi inaugurado em 2009 e recebe todos os fragmentos recolhidos durante as missões de exploração realizadas nos campos operados pela estatal.

O laboratório tem capacidade para examinar e armazenar até 14 mil caixas de rochas coletadas de reservas petrolíferas.

No espaço, que ocupa um prédio de 1.084 metros quadrados, trabalham dezenas de profissionais, incluindo geólogos e técnicos.

Ainda não está definido se a estatal pretende transferir as atividades do laboratório da Rua Benedito Pinheiro para a torre do Valongo. Outras duas torres poderão ser construídas no futuro.

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