September 13, 2012

BB recebe R$ 8,1 bilhões do Tesouro para crédito agrícola

Léa De Luca (lluca@brasileconomico.com.br)

Maior parte dos recursos será utilizada para financiar a safra de 2012/2013, mas outra parcela do dinheiro irá para o capital da instituição, ampliando a capacidade de concessão de crédito.

O Banco do Brasil está em fase final de negociações com o Ministério da Fazenda para obter crédito de R$ 8,1 bilhões da União. Os recursos serão usados para financiamento do Plano Safra 2012/2013.

O banco comunicou o fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no final da tarde, depois do fechamento do mercado acionário.

As ações do banco fecharam ontem em alta de 2,28%, a R$ 25,53, próxima à máxima do dia, de R$ 25,68. Esta é a cotação mais alta em 30 dias.

"As negociações visam obter autorização legal para condições financeiras e contratuais que permitam o seu enquadramento como instrumento híbrido de capital e dívida, conforme definido pelo Conselho Monetário Nacional", disse em comunicado Ivan de Souza Monteiro, vice-presidente de gestão financeira e de relações com investidores do BB.

O instrumento "híbrido de capital e dívida" permitirá ao banco ampliar o espaço para financiamentos. O banco não fazia uma captação deste tipo desde dezembro de 2010.

Não é, porém, um aporte direto que possa ser classificado como capitalização, como o de R$ 1,5 bilhão que outro banco federal, a Caixa, recebeu há poucos dias do Tesouro.

Mas parte do dinheiro vai reforçar o caixa, conforme explicou Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating. "É o que se chama de capital tier 2, ou nível 2".

Com índice de Basileia em 14,2 (o mínimo é 11%), o banco ainda mantém certa folga para crescer no crédito; mas para poder usar os recursos para financiar a safra agrícola, precisaria de mais capital.

Em junho último, o banco tinha na carteira R$ 74,67 bilhões em crédito rural, cerca de 17% a mais do que em junho de 2011. Índice de Basileia representa a proporção entre o patrimônio, ou capital, do banco e seus ativos (empréstimos), ponderados pelos respectivos riscos das operações.

"Embora esse tipo de financiamento tenha tradicionalmente índices de inadimplência maiores, é e sempre foi papel do BB dar crédito agrícola, assim como para Caixa sempre foi responsável por fomentar o crédito imobiliário", lembra Rodrigues.

De acordo com o especialista, esse tipo de aporte direto do governo federal para financiar a safra não é recorrente.

Estudo realizado recentemente pela consultoria EFC, do economista Daniel Coradi, revelou um dado interessante: "É possível um banco estar muito alavancado, isto é, ter uma alta relação entre seus ativos totais e o seu patrimônio líquido e ainda assim ter um bom índice de Basiléia; por exemplo, o Banco do Brasil tem uma alavancagem alta (16,3) e um índice de Basileia razoável (14,2)."

Segundo Coradi, os dois grandes bancos privados, Bradesco e Itaú, trabalham com alavancagens na faixa de 11 a 12 e índices de Basileia seguros, na faixa de 15 a 16", diz Coradi.

"Nossa interpretação é de que eles optaram por um meio termo que otimiza a rentabilidade para seus acionistas."

Fonte: Brasil Econômico - 13/9/2012

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