É muito comum se usar a palavra atitude como sinônimo de comportamento. Principalmente quando se quer valorizar a postura de uma pessoa numa situação. Por exemplo: gostei da atitude dele durante o carnaval. Ou, a sua chefe tem atitude, não se deixa pressionar.
Na realidade, atitude é algo além do comportamento, é uma predisposição que o individuo tem que pode ser favorável ou desfavorável a um evento em que ele deve tomar uma decisão.
Diante de uma oportunidade de trabalho em outro país, qual seria a predisposição para ir ou não? Ser favorável a mudança de vida ou desfavorável e ficar no seu país.
A atitude conceitualmente possui três dimensões: a primeira é cognitiva, os aspectos racionais.
O conhecimento que desenvolvemos sobre o assunto, a opinião e crenças que temos e os valores que mantemos como princípios de vida para ajudar nas decisões do dia-a-dia como a honestidade nas relações de trabalho ou a liberdade para agir e expressar-se com autonomia.
Numa segunda dimensão se encontram os afetos, isto é, o que se está preste a fazer é algo agradável, trará satisfação pessoal? Você irá realizar este projeto com prazer ou não?
Toda situação na qual nos envolvemos é carregada de emoção ora positiva - alegria - ora negativa como tristeza por exemplo.
Pode-se decidir aceitar o trabalho em outro país pelos motivos racionais como o salário melhor, porém com sentimentos negativos: ficar longe da família muito tempo não será agradável e isto desestimula a decisão de ir.
A terceira dimensão é da ação, o comportamento propriamente dito. Por ser a manifestação concreta das três é facilmente identificável.
Para que uma atitude exista é importante que após a tomada de decisão com base nos aspectos racionais e afetivos coloque-se em prática o projeto de ação.
Agir é parte fundamental, é o que dará sentido ao processo de análise e reflexão sobre as diversas situações de vida que nos envolvemos. Quanto mais consciente formos de nossas atitudes, mais nos desenvolvemos como pessoa.
Para uma atitude ser empreendedora é importante que as três dimensões não sejam incongruentes, estejam alinhadas positivamente frente à situação de mudança no trabalho ou de abertura de um negócio.
Empreender é uma predisposição favorável para agir de forma criativa e inovadora, que seja prazerosa para a própria pessoa e agregue valor no contexto em que está inserido.
Agir de forma empreendedora pressupõe que na dimensão racional a pessoa acredite no seu empreendimento e na sua capacidade de ser bem sucedido, possua conhecimento necessário para realizar e desenvolva algo criativo que será o diferencial inovador de seu projeto.
Os valores que permeiam esta atitude promovem o compromisso com a geração de riqueza para a sociedade e a melhoria de vida das pessoas envolvidas com a consolidação da proposta.
Na dimensão emocional, a decisão em construir algo novo deve proporcionar sentimentos de satisfação, despertar a paixão para que a pessoa se envolva intensamente e a concretização do projeto trará gratificação pessoal. Na dimensão do comportamento é botar pra fazer.
O empreendedor é uma pessoa realizadora, está sempre em ação. Inquieto, ousado que toma pra si o risco e a responsabilidade de promover mudanças econômicas. São pessoas de atitude!
Mara Sampaio é psicóloga e especialista em cultura empreendedora
Fonte: Brasil Econômico / 17/07/2012