October 17, 2012

As sete regras de Nova York

Miguel Setas - Vice-presidente de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil

Recentemente foram revelados os resultados do inquérito anual para eleição das “Melhores empresas para trabalhar”. A análise destes resultados traz-nos poucas surpresas sobre as práticas de gestão das empresas vencedoras.

Uma breve passagem por Nova York (NY) faz-nos refletir sobre as características que tornam esta megalópole uma das mais apetecíveis do mundo, capaz de atrair mais de 50 milhões de turistas por ano e mais de 20 milhões de habitantes.

Agrupei estas características em sete regras que me parecem aplicáveis ao mundo corporativo. Nova York é um exemplo extraordinário da gestão de opostos, que a tornam única:

1) Simplicidade e complexidade: Nova York é um dos maiores complexos urbanísticos do mundo. No entanto, possui também um sistema de numeração e ordenação das ruas e avenidas que torna a circulação na cidade muito intuitiva e fácil.

2) Serendipidade e organização: A palavra serendipidade derivou de um conto persa sobre três príncipes de Serendip (Sri Lanka), que faziam descobertas por acaso. Nova York combina a organização americana, que define regras para tudo, com o caos de uma babilônia de raças, credos e línguas.

Depois de Londres, é a cidade que acolhe maior número de línguas distintas: mais de 200! Esta diversidade de raças confere-lhe uma força criativa inigualável.

3) Trabalho árduo e diversão: Nova York é uma cidade que não dorme. Impressionam as lojas e os restaurantes que permanecem abertos 24 horas por dia. Uma matéria recente sobre competitividade igualava a produtividade de um americano à de cinco brasileiros. Tudo isto no meio de um ambiente de diversão.

4) Tradição e inovação:. Em Nova York vemos a forma como é preservado o patrimônio da cidade. Este respeito pelo passado em nada impede que a inovação seja um marco da cidade.

Um bom exemplo desta conciliação do velho e do novo é o High Line Park, construído em altura, em cima de uma linha ferroviária desativada, por uma extensão de 2,3 km.

5) Negócio e cultura: Em Nova York as pessoas estão focadas em fazer negócio, em ganhar dinheiro. No entanto, a cidade fornece muitas opções culturais, em cerca de 100 museus. Ou seja, a cidade alimenta o estômago e o espírito, de forma equilibrada.

6) Infraestrutura e natureza: Apesar da presença massiva de concreto, Nova York se beneficia da presença de agradáveis espaços verdes. O Central Park é um exemplo dessa convivência entre concreto e natureza.

7) Destruição e reconstrução: a cidade impressiona também pela sua capacidade de regeneração. Passados pouco mais de 10 anos sobre o atentado de 11 de setembro o skyline já vê despontar um novo World Trade Center. Ou seja, a cidade caiu e está a levantar-se com maior vitalidade e energia do que antes.

Em suma, a "Grande Maçã" pode inspirar, com sete regras, uma "Grande Empresa para trabalhar": simplificar as situações complexas, promover a diversidade e o caos organizado, conciliar esforço e diversão, respeitar a história para construir o futuro, apostar no equilíbrio entre remuneração e crescimento cultural, criar um bom ambiente de trabalho e finalmente aproveitar as crises para regenerar e evoluir. Easier said than done.

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Miguel Setas é  vice-presidente de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil

Fonte: Brasil Econômico - 17/10/2012

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