Fonte: Valor Econômico
Terceira companhia do grupo Odebrecht a alterar seu nome, a Odebrecht Óleo e Gás (OOG), que passou a se chamar Ocyan, se prepara para uma nova fase operacional. Com a recente conclusão do acordo de reestruturação de dívidas de US$ 5 bilhões, a empresa mira agora a internacionalização de suas atividades e a diversificação de sua carteira de clientes, atualmente concentrada na Petrobras, que mantém a empresa na lista de bloqueio cautelar de fornecedores impedidos de assinarem novos contratos ou participar de licitações da estatal.
"Existe uma intenção da empresa não só com a internacionalização, em que pretendemos ainda neste ano começar alguma operação fora do Brasil, bem como a diversificação de clientes", afirmou o presidente da Ocyan, Roberto Simões, em entrevista ao Valor.
Apesar da estratégia, o executivo explicou que não há uma meta de curto prazo a ser atingida. "Não queremos, exatamente no momento em que terminamos de fazer a reestruturação e que as coisas estão equilibradas, entrar em uma aventura fora do Brasil, onde há muitos mercados passando por momentos complexos, para perder dinheiro."
No Brasil, a companhia está olhando oportunidades de fechar novos contratos com petroleiras privadas que possuem projetos no país. Com relação à Petrobras, a expectativa, segundo Simões, é que a Ocyan deixe a lista de bloqueio da estatal "em curto prazo".
Ele lembra que já existe um parecer interno do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União informando não haver nenhum indício de irregularidade nos contratos da companhia. "Dos 77 delatores [da Odebrecht] nenhum é da companhia. Há mais de mil anexos [no processo]. E nenhum fala sobre nós", ressaltou o executivo. "Não sabemos sequer do que somos acusados".
Sobre o plano de negócios da Petrobras para o período 2018-2022, que prevê investimentos de US$ 74,5 bilhões para o período, o presidente da Ocyan considerou o documento "responsável e factível". "O plano de negócios [da Petrobras] está muito mais 'pé no chão'", completou.
A Ocyan possui dez embarcações contratadas atualmente, sendo seis sondas de perfuração, dois "PLSVs" (navios que lançam linhas a serem conectadas a poços petrolíferos) e dois FPSOs (sigla em inglês para plataformas flutuantes de produção e armazenamento de petróleo e gás natural).
Um dos FPSOs iniciou a operação no fim do ano passado no campo de Mero (Libra), no pré-sal da Bacia de Santos. O outro é o FPSO Cidade de Itajaí, que atua no campo de Baúna, na Bacia de Santos, e que, segundo Simões, fechou 2017 com menos de 24 horas fora de operação. "O Cidade de Itajaí ficou 364 dias e três horas em operação", afirmou o executivo.
Com base nesses contratos, todos firmados com a Petrobras, a Ocyan prevê manter o faturamento anual de cerca de US$ 1 bilhão nos próximos anos. Esse número pode aumentar, explicou, se a empresa arrematar novos contratos. "O nosso objetivo é continuar o processo de crescimento da empresa", afirmou.
Questionado sobre oportunidades de fusões e aquisições, Simões explicou que, após a conclusão da reestruturação da dívida, em que a empresa alongou o prazo de vencimento e alterou termos dos contratos de dívida, a Ocyan está apta a analisar alternativas. "É um setor que está passando por um momento de consolidações. E elas vão continuar acontecendo".
Além da Ocyan, as outras duas empresas do grupo Odebrecht que já alteraram os seus nomes foram a Odebrecht Realizações Imobiliárias (atualmente OR) e a Odebrecht Agroindustrial (que passou a se chamar Atvos).