Roberto Jefferson - Presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro
No último sábado, 28 de maio, compareci à Convenção Nacional do PSDB, que reelegeu o deputado Sérgio Guerra para a presidência do partido. Como presidente do PTB, tive a oportunidade de me dirigir aos convencionais para saudar Sérgio Guerra, por sua reeleição e por conseguir com habilidade costurar acordos que pacificam o partido, e levaram os tucanos a se unir em torno de sua candidatura.
Retomo agora as considerações que fiz na ocasião e outras que considero relevantes sobre o papel do partido na vida política brasileira, não com a presunção de “colocar a colher no angu alheio”, mas porque considero que os destinos de um partido como o PSDB não deveminteressar apenas aos seus dirigentes emilitantes, mas a toda a sociedade.
O PSDB, criado em 1988 por iniciativa de alguns dos melhores representantes das lutas democráticas no país, é omais jovemdos grandes partidos brasileiros, se não considerarmos novos partidos aqueles que resultaram de meras mudanças de nome ou de simples rearranjos políticos.
Como o PTB, a constituição do ninho tucano não foi um casamento de conveniência ou um acampamento de verão para o qual convergiram temporariamente pessoas com origens e destinos totalmente distintos. Não cabe aqui discutir emquemedida era ou continua sendo viável nesse nosso Brasilmestiço a constituição de umpartido social-democrata de inspiração nórdica.
O e-presidente e em certa época chamado de “o príncipe dos sociólogos”, Fernando Henrique Cardoso, até por dever de ofício e por competência acadêmica, sabia bem das dificuldades que tal projeto certamente enfrentaria e enfrenta até hoje e, não raras vezes, com seu humor refinado fez blague sobre isso.
No Planalto, comFernando Henrique, o PSDB prestou grandes serviços ao Brasil e por isso teve o apoio do PTB, que não condicionou seu respaldo a cargos no governo. Os efeitos de algumas realizações dos oito anos fernandinos são tão importantes e duradouros que se incorporaram ao cotidiano de tal forma que a população passou a encara-los como parte de nossa paisagem institucional.
O Real deixou de dar dividendos eleitorais. Isso não significa, porém, que deva ser esquecido. Pelo contrário, precisa ser lembrado e reivindicado pelo que representou como uma forma moderna e genuinamente brasileira de fazer política, uma forma a ser aplicada no enfrentamento aos novos desafios.
O curioso é que os tucanos parecem não se dar conta disso. Qualquer país que se afirme democrático precisa de uma oposição forte, vigilante, e na hora que Serra tinha que fazer oposição, não fez.
Na campanha eleitoral desqualificou o PSDB quando não respeitou nem defendeu a herança de FHC, perdendo a eleição e desarticulando a oposição. Agora, Aécio está certo emse colocar como o projeto futuro do PSDB, e Serra precisa entender que a hora dele é de mergulhar e lamber suas feridas.
O PSDB é um partido que engrandece a política nacional, que dá orgulho a seus filiados. Fiquei feliz de comparecer à Convenção, e torço que os tucanos possam se unir para que o partido ocupe o lugar que o Brasil reservou ao PSDB na história.
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Roberto Jefferson é presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro
Fonte: Brasil Ecnômico - 1.º/6/2011