December 18, 2012

O empreendedorismo se alastra pelo Brasil

Alessandro Saade - Empreendedor e professor da Business School São Paulo

O Brasil nunca experimentou um crescimento tão acentuado no empreendedorismo como atualmente. De experientes executivos a alunos recém-ingressados nas faculdades, proliferam experiências por toda a parte.

E para dar suporte a esta nova onda, surgem entidades e plataformas de apoio ao empreendedor, como incubadoras e aceleradoras.

Em linhas gerais, a principal diferença entre as duas é que na incubadora, o empreendedor entra com um plano de negócios e fica "protegido" até a empresa andar com as próprias pernas, mesmo que em pequenos passos.

Já na aceleradora, recebem sua empresa em funcionamento ou na fase de prototipagem, e ajudam a reduzir seu time to market (intervalo de tempo entre a ideia na cabeça e o produto na gôndola), ajudando inclusive a encontrar investidores.

Dentre essas iniciativas, as organizações voltadas aos negócios sociais e de economia sustentável, crescem numa maior velocidade. Ganhar dinheiro transformando o mundo virou um grande desafio.

omo exemplo podemos citar empresas como a Artemisia ou a Negócios Sociais, que ajudam os empreendedores na construção dos seus negócios que gerarão riqueza, transformação social e redução da desigualdade. E muitas grandes corporações apoiam este tipo de iniciativa.

Apesar da pujança do movimento, algumas iniciativas ficam pelo caminho. De acordo com a Pesquisa Sebrae 2011 de Sobrevivência e Mortalidade das Empresas Brasileiras, somente 26,9% das pequenas empresas brasileiras não conseguem se manter nos dois primeiros anos de vida, contra 31% em 2006. O número atual é bem próximo de alguns países desenvolvidos, indicando uma elevada competitividade.

Analisando as que não conseguiram seguir em frente, podemos elencar alguns pontos que teriam ajudado muito a melhorar suas chances de empreender: um plano e a visão clara da oportunidade de negócios, o preparo do empreendedor; acesso à educação, tanto técnica quanto gerencial; e suporte de entidades de fomento como incubadoras e aceleradoras.

O fato é que entramos em um caminho sem volta, independente do país, na busca de novos modelos de negócio pelo mundo. E a prova irrefutável deste movimento é Harvard, uma das mais famosas e conceituadas entidades de ensino, que acaba de se reinventar, inserindo empreendedorismo puro em seus programas de educação executiva.

Ao entrar no MBA, cada calouro recebe US$ 5 mil com a obrigação de montar um negócio rentável até o final do curso. Parece que olharam para o outro lado do Charles River, onde Babson, há quase 200 anos, prega absolutamente a mesma coisa: empreenda.

Entenda e domine o conceito, faça rápido e comece pequeno, erre logo e aprenda muito, para então crescer solidamente. A gestão é uma competência necessária ao movimento empreendedor.

Nada entretanto, elimina a sua paixão pelo negócio, sua visão e seu comportamento inquieto e contestador. Mas cuidado, fuja desesperadamente da síndrome do "eu também". Montar um negócio só porque ouviu dizer que era bom não é suficiente.

Sem entender do ramo, você vai quebrar rapidamente e, o que é pior, pode arrastar consigo concorrentes que estavam começando da maneira certa, com planejamento. Lembra como as videolocadoras estavam na moda na década de 80? E os pet shops no final da década passada? Fique atento, a história sempre se repete.

Só abra um negócio se estiver certo de ter o perfil adequado ao tipo de empresa que vai dirigir.

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Alessandro Saade é empreendedor e professor da Business School São Paulo

Fonte: Brasil Econômico - 18/12/2012

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