Fonte: A Tribuna - 25/4/2014, página C-6, Porto & Mar
# Prioridade foi anunciada por Angelino Caputo ontem, durante a solenidade de posse à frente da Codesp
FERNANDA BALBINO
DA REDAÇÃO
Modernizar as operações e a administração do Porto de Santos é a prioridade do novo presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Angelino Caputo. Ele assumiu o cargo ontem, durante cerimônia na sede da estatal, que administra o maior complexo portuário da América do Sul.
Para coordenar esta modernização, a consultoria Deloitte foi contratada pela Secretaria de Portos (SEP) por cerca de R$ 10 milhões. A mesma empresa já prestou serviços para a Codesp, em 2009. Na ocasião, preparou um plano para a reestruturação administrativa da estatal, que resultou na realização de um concurso público na companhia.
Segundo Caputo, os primeiros efeitos do processo de modernização serão sentidos em cerca de 60 dias após a assinatura do contrato, que deve ser firmado no início do mês que vem. Ele explicou que a consultoria terá seis meses para mapear os processos e identificar o que precisa ser feito para otimizar as operações e a administração portuária. Em seguida, ela terá outros seis meses para colocar em prática as mudanças necessárias.
Em relação às questões operacionais, o presidente destacou a revisão dos processos de atracação e liberação de navios, além do monitoramento dos tempos de embarque e desembarque. A fiscalização das operações, a participação de órgãos anuentes e a logística utilizada para o transporte também serão analisadas pela consultoria.
Como exemplo, Caputo destacou os tempos das operações portuárias no complexo santista. “Em alguns portos do mundo, o tempo de permanência de uma carga no Porto é muito menor. Por que isso acontece? O que fazer para chegar ao mesmo patamar? Isto está na nossa pauta”, destacou Caputo.
Segundo o presidente, simplificar os processos administrativos da Docas também é outro ponto a ser tratado.“Precisamos revisar e modernizar processos internos na Companhia. Eventualmente, as estruturas operacionais e o modelo de gestão”.
METAS ADMINISTRATIVAS
Dois planos estratégicos foram estabelecidos para dar celeridade aos processos da Docas. Estas prioridades são divididas em metas empresariais e de gestão. Segundo Caputo, as primeiras estão relacionadas aos resultados da empresa, como a movimentação de cargas e os resultados financeiros. Já as metas de gestão são especificamente elaboradas para a diretoria executiva e incluem a realização de obras e o desenvolvimento de processos internos. “São coisas que teoricamente deveriam estar sendo feitas, mas que não acontecem com a mesma velocidade. Por exemplo: apoiar a reunião da Conaportos (Comissão Nacional das Autoridades nos Portos) local. Nem toda companhia tinha adotado esse tipo de coisa”, explicou o presidente. Uma parcela do pagamento dos diretores dependerá do cumprimento das metas de gestão.
EXPECTATIVA
Para o ministro dos Portos, Antonio Henrique Silveira, que comandou a cerimônia de posse, o presidente da Codesp tem um grande desafio: a implantação de um novo modelo de gestão na estatal. “Espero que, no longo prazo, a gente tenha uma convergência da eficiência da operação portuária brasileira com os padrões de eficiência internacional”.
Para Silveira, os primeiros resultados serão sentidos assim que a consultoria for implantada na empresa. “Isso vai ser extremamente importante para que, do ponto de vista de processos e de controle interno, a Companhia se modernize e ganhe uma governança compatível com o seu porte. Talvez seja o desafio principal, fazer essa implantação e progressivamente trazer uma nova cultura para dentro da Codesp”.
EXPERIÊNCIA
A experiência do novo presidente da Codesp, Angelino Caputo, foi destacada durante a cerimônia de posse. Em seu discurso, o ministro dos Portos, Antonio Henrique Silveira, destacou que Caputo “participou, na Casa Civil, dos trabalhos de gestão para modernizar o setor portuário”. O próprio presidente relembrou que coordenou o grupo de trabalho da Casa Civil para aprimorar a gestão portuária. “O pano de fundo para esse trabalho foi o novo marco regulatório do setor portuário”.
QUARENTENA
O ex-presidente da Codesp, Renato Barco, ficará afastado do setor portuário por, pelo menos, seis meses. Esta é a determinação da Comissão de Ética da Presidência da República para quem deixa um cargo de comando em uma empresa estatal. Após este período, ele poderá seguir carreira na iniciativa privada. Emocionado, ele foi bastante aplaudido pela comunidade portuária e disse viver um momento de “despedida, agradecimento e reflexões”.
EDITAL DA DRAGAGEM SAI NA PRÓXIMA SEMANA
Uma nova licitação para a selecionar a empresa responsável pela dragagem do canal de navegação, das bacias de evolução e dos berços de atracação do Porto de Santos será deflagrada no final da semana que vem. Esta será a segunda tentativa da Secretaria de Portos (SEP) para contratar uma firma para o serviço, já que o primeiro certame foi considerado fracassado.
Segundo o ministro dos Portos, Antonio Henrique Silveira, o primeiro edital elaborado para a contratação da dragagem gerou dúvidas entre as empresas interessadas. Além disso, no início do mês, dos cinco concorrentes, nenhum foi habilitado pela SEP para executar o serviço. Isto porque todos ultrapassaram o valor máximo estipulado pela pasta. “A gente está fazendo uma readequação do edital para que os pontos que geraram dúvidas fiquem plenamente esclarecidos em termos de sua redação.
O novo edital será recolocado no final da próxima semana, com o prazo de 15 dias úteis para o novo certame”, explicou o ministro.
Segundo o titular da SEP, apesar de ter sido feita uma consulta pública sobre o assunto, a locação de recursos gerou dúvidas entre os concorrentes. Foram feitas manifestações orais e escritas, que ajudaram no ajuste do edital.
No último dia 9, os envelopes com as propostas das concorrentes foram abertos em Brasília. As três melhores propostas foram, então, levadas para a segunda fase da disputa – quando as participantes iriam reavaliar suas ofertas e a vencedora seria definida.
Apenas uma empresa, a Enterpa Engenharia, reduziu o preço final de R$ 478 milhões para R$ 430 milhões. O problema é que, segundo a SEP, a cifra ultrapassou o limite orçamentário destinado ao serviço. (FB)
SEP PLANEJA SUBSTITUIR OUTROS DIRETORES
LEOPOLDO FIGUEIREDO
EDITOR
A Secretaria de Portos (SEP) já prepara a substituição dos demais diretores da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Hoje, durante a reunião do Conselho de Administração (Consad) da empresa, deve ser apresentado extra-oficialmente o indicado para a Diretoria de Desenvolvimento Comercial – o atual superintendente de Planejamento Estratégico da Codesp, José Manoel Gatto dos Santos.
Gatto irá suceder Carlos Helmut Kopittke, que está à frente da pasta desde 2007. A data em que a troca será oficializada ainda não foi definida.
Mas a intenção do Governo é substituir toda a diretoria nas próximas semanas. Esse processo foi iniciado há pouco mais de um mês, em 23 de março, com a nomeação do diretor do Departamento de Informações Portuárias da SEP, Luis Cláudio Montenegro, para a Diretoria de Planejamento Estratégico e Controle da companhia. O setor estava sem um titular desde 2012.
Ontem, Renato Barco deixou a presidência, que foi ocupada pelo ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República Angelino Caputo.
Pelos planos da SEP, ainda serão trocados, além de Kopittke, o diretor de Administração e Finanças, Alencar Costa, e o diretor de Infraestrutura e Serviços, Paulino Moreira Vicente. Este último é funcionário de carreira da Docas e atualmente está de férias.
Na manhã de ontem, ao atender a imprensa após a cerimônia de posse de Angelino Caputo, o ministro dos Portos, Antonio Henrique Silveira, foi questionado sobre as mudanças na diretoria da Codesp. Ao ouvir a pergunta, Silveira sorriu. Instantes depois, limitou-se a dizer que não iria comentar o caso.
