September 13, 2012

Clima esquenta e os ataques marcam debate na UniSantos - A Tribuna - 13/9/2012

Publicada em:
A Tribuna, 13/9/2012, quinta-feira, página A-4, Local

SANDRO THADEU
Da Redação

No início, uma intensa festa animada com os jingles e pelos cabos eleitorais agitando incansavelmente. Contudo, o clima de festa não foi o mesmo no debate entre os nove candidatos a prefeito de Santos, realizado na Universidade Católica de Santos (UniSantos) - Campus Dom David Picão, na Vila Mathias, na noite desta quarta-feira. Durante o evento, o clima esquentou. Houve troca de acusações e, em alguns momentos, vaias do público, que lotou o auditório da instituição de ensino.

A iniciativa foi fruto de uma parceria com as entidades que formam o Comitê Santista de Combate à Corrupção Eleitoral - Comitê 9840 e contou com o apoio da Associação Comercial de Santos e do jornal A Tribuna.

Apesar das ofensas e ataques de alguns concorrentes ao Executivo, foram apresentadas muitas ideias e propostas para as áreas de Educação, Saúde, Habitação, Desenvolvimento Sustentável, Gestão Participativa e Transparência na Administração Municipal.

Durante a formação da mesa do debate, ocorreu a primeira grande manifestação por parte da plateia: o deputado federal Beto Mansur (PP) foi recepcionado com vaias. Nessa primeira etapa, o líder nas pesquisas de intenção de voto, o deputado estadual Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), foi alvo de ataques.

Luiz Xavier (PSTU) citou que a legenda do representante tucano era ligada a um dos maiores casos de corrupção do País, liderado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Por esse motivo, o parlamentar da Assembleia Legislativa ganhou um minuto de direito de resposta. Essa decisão não contemplou muitos dos presentes.

Na sequência, o vereador Fábio Alexandre Nunes, o Professor Fabião (PSB), de forma muito exaltada, fez um desabafo ao dizer que é um candidato legítimo e rebateu os comentários que já teria fechado um acordo com o prefeiturável do PSDB para ser novamente secretário municipal de Meio Ambiente. Momentos antes, fez o seguinte comentário: "Muita gente que deu sangue e suor para retomarmos a democracia nessa cidade", ao citar o pai, o ex-vereador Luiz Norton Nunes.

Eneida Koury (PSOL) também citou a importância da democracia e criticou Barbosa, de forma indireta, ao afirmar que "tem candidato que se inspira em político que deu suporte à ditadura". O tucano é filho do já falecido ex-prefeito da Cidade, Paulo Gomes Barbosa, o último chefe do Executivo nomeado de forma indireta pelos militares.

No segundo bloco, quando ocorreram perguntas entre os participantes, aconteceu o segundo direito de resposta do debate foi concedido à deputada estadual Telma de Souza (PT), devido a um comentário de Mansur. Quando o candidato do PP respondeu à Eneida os motivos dele ter sido favorável a dois destaques que prejudicariam a aplicação da Lei da Ficha Limpa, durante a votação da proposta na Câmara Federal.

Após alegar que tem a "ficha limpa", explicou que votou contra uma proposta "prejudicial à sociedade brasileira". Posteriormente, disse que outros gestores municipais, como a petista, respondem a ações judiciais. Ela negou.

Mansur e Xavier

Ainda nesta segunda etapa do evento, o clima esquentou entre Xavier e Mansur. Assim como em outros debates, o membro do PSTU citou o caso de o deputado federal ter sido denunciado por trabalho escravo em uma fazenda de sua propriedade. Ao contrário de outras oportunidades, o ex-prefeito decidiu contra-atacar.

O integrante do PP disse que Xavier não poderia dar nenhum exemplo ao querer defender os trabalhadores, pois entrou na Prefeitura, em 1994, e entrou com "sucessivos afastamentos médicos até se aposentar por invalidez, com a história que era incapaz por um problema crônico de pulmão". Por esse motivo, estranha o fato de o integrante da legenda de esquerda estar sempre pedindo votos na rua. "Acho que você está muito bem de saúde", concluiu.

Como resposta, o adversário explicou que trabalha desde os 15 anos e atuou no setor industrial por quase três décadas.Por conta disso, adquiriu um problema de saúde, que foi reconhecido pela perícia da Prefeitura e INSS. "Não reconheço, em pessoas que exploram trabalho escravo, autoridade para contestar atestados (...) Vou usar até os últimos dias dos 33% de minha capacidade respiratória para lutar e denunciar todos os escravocratas", rebateu.

Comitê

Lançado em 17 de julho deste ano, o Comitê 9840 de Santos é constituído pela Associação e Amigos da Escola Pública, Centro de Direitos Humanos Irmã Maria Dolores, Conselho Diocesano de Leigos, Cruz Vermelha Internacional, Diocese de Santos, Fórum da Cidadania, Movimento Voto Consciente e Ordem dos Advogados do Brasil - Subseção Santos.

QUESTÕES VÊM DO PÚBLICO E DE ENTIDADES

Ao contrário de outros temas, a organização do debate incentivou a discussão de temas relacionados à ética na política, gestão participativa, transparência e desenvolvimento sustentável. Algumas perguntas vieram do público e outras das entidades que estiveram à frente do evento.

Para o candidato Professor Fabião (PSB), o modelo de ouvidoria pública municipal está exaurido. Por esse motivo, ele defende a criação de uma plataforma de comunicação social digital para dar maior agilidade às demandas dos cidadãos e o estabelecimento do orçamento participativo.

Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) destaca que, se eleito, o primeiro ato como gestor municipal será a promulgação de um decreto determinando a ficha limpa municipal para os servidores e a criação de uma controladoria municipal.

Apoiado pelo prefeito João Paulo Papa (PMDB), o ex-secretário municipal de Assuntos Portuários e Marítimos, Sérgio Aquino (PMDB), destaca a importância da participação das universidades e das entidades do setor nos conselhos municipais para definir os rumos do Município.

Na avaliação de Luiz Xavier (PSTU), existem muitos cargos de confiança na Administração e um uso político das contratações temporárias de trabalhadores. Além disso, ressalta a relação promíscua entre a Câmara e o Executivo.

TEMAS TRADICIONAIS

O deputado federal Beto Mansur (PP) entende que ainda há problemas na coleta seletiva e na destinação final de lixo. Nesse sentido defende que Santos se una com outras cidades da região para criar uma usina de incineração dos resíduos sólidos.

para a parlamentar da Assembleia Legislativa Telma de Souza (PT), é necessário definir claramente as áreas que devem receber moradias destinadas às famílias com renda mensal de até dez salários mínimos. "É uma forma de as famílias conseguirem se estruturar em Santos e não serem expulsas da Cidade", revela.

Conforme o ex-presidente da Câmara José Antonio Marques de Almeida, o Jama (PRTB), a rede municipal de ensino deve ter uma meta clara e se basear em um modelo de educação semelhante ao dos asiáticos e ao dos Estados Unidos. "Essa é a realidade do mundo e deve ser seguida por uma cidade global como a nossa".

A sindicalista Eneida Koury (PSOL) sustenta a ideia da criação de uma universidade municipal, como já ocorre em Itajaí (SC). "É uma iniciativa importante, porque estará sob a gerência da Prefeitura, colocando os cursos para atender a demanda sem esperar a instalação de universidades estaduais ou federais".

Nelson Rodrigues, do PSL, critica a demora no atendimento médico nos prontos-socorros municipais. Além disso, o candidato acredita que os servidores do setor devem ser mais valorizados. "Temos que fazer a lição de casa. (...) Temos um problema de gestão".

Formato

Os nove candidatos ao Executivo santista elogiaram o formato do debate da UniSantos, que incentivou a discussão de temas específicos, e aproveitaram para elucidar seus posicionamentos.

Confira a reprodução da matéria

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