Fonte: DCI - http://www.dci.com.br/ - 6/5/2015 - 5h00
# Empresários brasileiros buscam profissionalização fora do Brasil. De acordo com entidade de franquias, redes estão presentes principalmente nos Estados Unidos, no Paraguai e em Portugal
Ana Paula Silva
São Paulo - Firmar novas parcerias, ter mais valor agregado à marca e expandir no mercado internacional. Estas têm sido as estratégias das empresas de alimentação genuinamente brasileira para internacionalizar suas operações.
A rede de hamburgueria curitibana Madero é um exemplo de bandeira que segue com o plano de crescer fora do País. A experiência, aliás, já foi adotada por marcas de franquias como Spoleto, Girafffas e Vivenda do Camarão. Elas foram algumas das primeiras empresas nacionais de fast-food a se internacionalizarem.
Com cerca de 50 restaurantes espalhados pelas regiões Sul e Sudeste do Brasil, sendo 35 próprios e o restante franquias, a rede Madero prevê investimento inicial de US$ 1,4 milhão para a atuação internacional. De modo geral, a expectativa da companhia é faturar este ano cerca de R$ 350 milhões, ante aos R$ 182,3 milhões alcançados em 2014.
A respeito da expansão externa, a empresa este mês irá abrir a primeira unidade internacional, em Miami (EUA). O presidente do Madero, Junior Durski, sabe que terá desafios e afirma que vai adotar soluções diferentes para sobreviver fora do País. Uma delas é alterar o cardápio, sendo os pratos servidos com picanha o que terá inicialmente mudança.
"Iremos reformular o prato para atender ao gosto dos consumidores norte-americanos. Teremos de oferecer opções de pratos mais magros e mais gordurosos", explica Durski.
Em sociedade com investidores australianos, a rede de Curitiba (PR) também terá unidades em outros países. A ideia é levar o modelo de negócio para operar em Sidney (Austrália). Lá, a primeira unidade deverá ser inaugurada em agosto deste ano. Até o final de 2015, a Madero pretende abrir uma loja nos Emirados Árabes Unidos, em Dubai.
Motivador
Com faturamento de US$ 1 milhão em 2014, apenas nos Estados Unidos, a Giraffas busca crescimento e também profissionalização internacional. "A região se tornou um caminho natural, já que é o berço de várias redes de franquias. Lá, muitas marcas usaram os EUA como vitrine", comentou o CFO do Giraffas nos Estados Unidos, João Barbosa.
Com aporte de US$ 20 milhões na operação internacional, a rede Giraffas ainda atua apenas nos Estados Unidos. São dez lojas em funcionamento, sendo cinco próprias e quatro transferidas posteriormente para franqueados individuais. Uma delas já nasceu como franquia. Destas, sete estão instaladas na Flórida, mas o plano é expandir.
Nova York e Washington devem receber a rede em breve. "A alta do dólar atrapalhou a nossa capacidade de investimento. Aproveitamos este momento para intensificar o processo de reestruturação, mas analisamos mais duas unidades", comentou Barbosa.
Atualmente os restaurantes Giraffas têm 230 metros quadrados, em média. As novas instalações, porém, poderão ter versões de 150 m². O ajuste foi realizado para tornar o negócio mais atrativo e o investimento menor. Antes o valor inicial era de US$ 650 mil. Agora custará US$ 500 mil.
Para atuar no mercado norte-americano, a Giraffas também teve de fazer ajustes no cardápio. A essência brasileira, de grelhados e sanduíches, foi mantida, mas houve incremento nas opções de salada. Lá fora, os restaurantes têm tíquete médio de US$ 17.
Cautela
Internacionalizar pode ajudar a agregar valor à marca, mas a estratégia requer pesquisa, capital de giro e estabilidade financeira, ressalta o consultor do Sebrae-SP, Marcelo Sinelli. "A maioria das marcas que vão para outros países opta pelo mercado norte-americano para adquirir novos conhecimentos nos processos de gerenciamento", ressalta ele.
Além do Spoleto, Habib's, Mister Sheik e Amor aos Pedaços são outras bandeiras que também exportaram seus negócios. O Habib´s, que é sinônimo de pratos rápidos além de esfihas, pizzas e pastéis, chegou a abrir no México, mas a operação não vingou e por enquanto a rede só atua mesmo no Brasil.
Já no Spoleto, que há uma década partiu para atender consumidores começando também pelo México, o negócio deu certo. São 361 restaurantes, dos quais 11 no exterior, entre México, Costa Rica e Estados Unidos. Este ano, a estimativa é faturar R$ 449,7 milhões, ante aos R$ 412 milhões movimentados no ano passado. Em 2015, a rede pretende inaugurar 37 unidades no Brasil, o que deverá ajudar a bandeira a alcançar crescimento físico de 7%. No ano passado, o Spoleto inaugurou 41 lojas.
O Brasil possui 2.942 redes de alimentação e 106 marcas estão no exterior - 96 com operações em 51 países, diz a Associação Brasileira de Franchising (ABF). Para a entidade, o conceito de franquia tem mais possibilidade de sucesso fora, já que a mortalidade do modelo é de 3,7%. Nos negócios tradicionais, pode chegar a 24,9%, em até dois anos.