March 01, 2013

Maersk se prepara para cenário de comércio fraco

Felipe Peroni (fperoni@brasileconomico.com.br)
 
# A busca de parcerias se torna mais importante após os investimentos feitos pela empresa no país

# A tendência para as exportações é de queda - sem crescimento em nenhum dos cenários desenhados pela companhia. Nas importações, a expectativa é de variação baixa

O comércio do Brasil com o resto do mundo por via marítima deve registrar crescimento baixo neste ano, após ter decepcionado no ano passado. A Maersk Line, empresa dinamarquesa de transporte, está mais pessimista com o mercado, e busca alternativas para aumentar a eficiência e reduzir sua capacidade no Brasil.

"Estamos buscando algum sinal de crescimento, e não vemos. Estamos céticos", diz Peter Gyde, presidente executivo da Maersk Line do Brasil.

"Esperamos ver um 2013 muito similar a 2012", acrescenta. No ano passado, o volume de exportações e importações do Brasil via marítima cresceu 2% face ao ano anterior, mostra uma pesquisa realizada pela empresa.

A tendência para as exportações é de queda - sem crescimento em nenhum dos cenários desenhados pela companhia. Nas importações, a expectativa é de variação baixa.

Após três trimestres consecutivos de desaceleração no comércio brasileiro via marítima, a empresa pretende reforçar as parcerias de transporte com outros armadores, resultando em redução da capacidade e de custos.

No quarto trimestre, a corrente comercial via marítima caiu 1,2% ante igual período do ano anterior, mostra a pesquisa. No terceiro trimestre a alta foi de apenas 0,4%.

As exportações registraram variação negativa de 3,1% no período de outubro a dezembro, enquanto as importações tiveram avanço de apenas 0,6%. "O mercado vai crescer menos e vamos nos adaptar", diz Mario Veraldo, chefe de vendas da Maersk Line no Brasil.

A busca de parcerias se torna mais importante após os investimentos feitos da empresa no país.

A Maersk Line investiu US$ 2,2 bilhões em 16 navios SAMMAX, de baixo consumo de combustível e desenvolvidos especificamente para as rotas realizadas no Brasil - adaptados inclusive aos limites de profundidade dos portos locais. Desse total, 14 já estão em operação.

"Nós precisamos de mecanismos, como essas parcerias, para que esse investimento se torne rentável ao longo do tempo", diz Veraldo. Entretanto, a empresa descarta realizar desinvestimentos.

A empresa tinha perspectiva de que o quarto trimestre trouxesse uma aceleração no comércio, contando com, ao menos, uma retomada nas importações.

"Está claro que o setor de consumo está indo bem, mas as importações de máquinas não estão avançando", afirma Gyde.

Dentre as exportações, o volume de vendas de máquinas, equipamentos e eletrônicos caiu 10,2% no quarto trimestre, fechando o ano com variação negativa de 2,3%. Os embarques de automóveis e equipamentos de transporte caíram 3,1% no período entre outubro e dezembro.

Entre os refrigerados, as exportações caíram no quarto trimestre: aves (-10,3%), químicos (-22,6%) e vegetais (-5%).

"As exportações brasileiras estão cada vez mais concentradas em commodities", destaca Gyde.

As importações de bens de consumo registraram bons desempenhos, em setores como alimentos e bebidas (12,3%) e têxteis (9,4%), além de bens industrializados primários (10,4%). Entretanto, o setor de máquinas e equipamentos, mais relacionado ao desempenho da indústria, recuou 9% no quarto trimestre.

"O Brasil tem oportunidades, mas deve se tornar mais competitivo", recomenda Gyde.

Se consideradas as importações advindas da Ásia, houve avanço de 1,4% no quarto trimestre, frente ao trimestre anterior. Mas as exportações de produtos refrigerados para a região diminuíram 11,3%, enquanto os embarques de produtos secos expandiram apenas 0,4%.

Para a Europa, e para os Estados Unidos, o estudo mostra que o fraco desempenho da economia reduziu as exportações brasileiras para esses países por via marítima.

"Esperamos algum crescimento nas exportações de certos produtos, como café, soja e grãos, e estamos alocando contêineres para esses mercados", ressalta.

Fonte: Brasil Econômico - 1.º/3/2013

 

Share

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.