Regiane de Oliveira (roliveira@brasileconomico.com.br)
# Há anos lutando para recuperar o reconhecimento, instituições apostam em novos critérios de qualificação.
Em 2010, quando o Ministério da Educação (MEC) apertou o cerco aos cursos de pós-graduação latu sensu e extinguiu o regime especial de credenciamento de instituições consideradas não educacionais, várias entidades caíram em um limbo.
Nesta estavam instituições como Fundação Dom Cabral, FIA, BBS Business School, EsadMBA, Ietec e Instituto Sírio Libanês.
Segundo dados da Associação Brasileira das Instituições de Pós-Graduação (ABIPG), das 132 instituições com credenciamento especial na época, 80% deixaram o mercado. Outras conseguiram continuar operando sob liminar.
E houve ainda quem preferisse trabalhar no formato "barriga de aluguel", modalidade em que a instituição que realiza o curso contrata uma segunda entidade, reconhecida pelo MEC, para emitir o diploma sob pagamento de 10% a 25% do valor do curso.
Além do prejuízo para a imagem das instituições, a medida do MEC diminuiu a competitividade das escolas frente à concorrência.
"Os funcionários públicos, por exemplo, não podem fazer pós-graduação em um curso não reconhecido pelo MEC", diz Marcelo Saraceni, presidente da ABIPG, entidade que congrega 19 escolas de negócios.
Saraceni reconhece que as negociações com o MEC avançaram. "Muitas instituições já conseguiram sentença na justiça para garantir o reconhecimento", afirma.
A EsadMBA, a quem representa, por exemplo, provou que, em sua expertise de 30 anos em gestão, já ofereceu cursos in company, inclusive para o próprio MEC. Porém, este é um processo lento.
Para melhorar a competitividade das instituições, será lançado neste mês o Selo Acreditação da ABIPG, primeiro do país a verificar a qualidade das escolas de pós-graduação, a exemplo do que já acontece em outros mercados, onde selos como o da Equis e da AACSB atestam o padrão de instituições de atuação internacional.
O objetivo não é concorrer com os internacionais, mas sim ampliar os critérios de avaliação do MEC, dando aos alunos novos parâmetros para qualidade dos cursos.
A ABIPG está em fase final de formatação da acreditação. Segundo John Schulz, fundador da Brazilian Business School (BBS), foi realizada ontem uma reunião para arredondar os processos.
"Na primeira semana de abril, vamos nos reunir novamente para consolidar os processos e lançar a acreditação", diz.
A expectativa é que todas as associadas da ABIPG devam participar. "Esperamos, após lançado o selo, realizarmos a acreditação de 15 instituições já nos primeiros meses", diz Saraceni.
A principal diferença em relação às acreditações internacionais será o preço.
"Um processo da Equis, por exemplo, não sai por menos de US$ 200 mil, o que é alto para as instituições brasileiras, que têm que arcar com as visitas de avaliadores internacionais, por exemplo", explica Saraceni.
Já o selo da ABIPG deve sair por cerca de R$ 20 mil, segundo o presidente da entidade. O valor, no entanto, ainda não está fechado.
Critérios para avaliação
De acordo com Schulz, a Acreditação da ABIPG vai avançar bastante os indicadores do MEC. "Por exemplo, vamos consultar a opinião do mercado sobre os serviços da entidade", diz.
Outro diferencial é a análise da qualidade do corpo docente, que, além da legislação vigente, vai verificar um critério que a entidade chama de "profissionalmente qualificado", ou seja, "qualquer membro do corpo docente que possua experiência relevante teórica e prática, na sua área de atuação, vinculada à sua área de ensino".
Este tipo de qualificação não é levado em conta pelo MEC, que privilegia registros acadêmicos de mestrado ou doutorado, em relação à experiência profissional. A Acreditação terá validade de três anos e poderá ser renovada por igual período mediante nova solicitação.
Fonte: Brasil Econômico - 6/2/2013
