Está em cartaz neste mês na Associação Comercial de Santos (ACS) a exposição “Vida e Obra de Benedicto Calixto”, celebrando a trajetória de um dos mais importantes artistas brasileiros e o grande cronista visual do litoral paulista. Em 16 painéis temáticos, o visitante tem a oportunidade de conhecer de perto a infância do pintor em Itanhaém, acompanhar sua formação artística em Paris — financiada por um grupo de beneméritos ligados à própria Associação Comercial de Santos — e revisitar sua notável produção nas áreas de marinhas, paisagens, retratos, arte sacra e pintura histórica, que imortalizou a transformação urbana e social de Santos e da Baixada Santista no final do século XIX e início do XX.
Calixto, autodidata de origem humilde, tornou-se referência ao unir rigor documental, sensibilidade poética e profundo compromisso com a memória. Em Paris, estudou na tradicional Académie Julian, onde aperfeiçoou a técnica que traria de volta ao Brasil, aplicando-a com maestria à observação da natureza, da arquitetura e da vida cotidiana. Seus pincéis registraram navios ancorados no estuário santista, igrejas coloniais, paisagens litorâneas e cenas históricas que resgataram a formação da identidade paulista e brasileira. Pesquisador incansável, ele utilizou a fotografia como ferramenta, combinando ciência e arte muito antes de essa prática se tornar comum nas academias.
A relação entre Benedicto Calixto e a Associação Comercial de Santos é profunda e afetiva. A instituição não apenas apoiou o artista em seu período de formação como também se tornou depositária de duas obras-símbolo de sua maturidade criativa: “Santos em 1888” e “Panorama do Porto de Santos em 1895”, que permanecem preservadas na Sala da Presidência da ACS. Nessas telas, Calixto registrou com precisão e lirismo a movimentação portuária, a paisagem em transformação e o vigor econômico que começava a moldar o futuro da Cidade.
A mostra ainda destaca o diálogo do pintor com o Museu Paulista, instituição para a qual realizou obras de caráter histórico que contribuíram para consolidar a iconografia paulista, além de abordar a criação da Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, que hoje guarda parte de sua memória, pesquisa e legado artístico. Em cada painel, o público encontrará o olhar sensível de um homem que soube, como poucos, unir arte e história, preservando não apenas cenários, mas o espírito e a cultura de uma região em franco desenvolvimento.
A exposição está em cartaz no Salão de Mármore da ACS (Rua XV de Novembro, 137, Centro Histórico), de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h. Entrada gratuita.
