27 de maio de 2015

Lisboa prepara modernização - A Tribuna - 27/5/2015

Publicada em: A Tribuna - http://www.atribuna.com.br/ - 27/5/2015, página C-3, Economia

# Trabalho de revitalização do município é considerado um dos bons exemplos para os centros históricos da Baixada Santista

Integram a delegação, representando a Associação Comercial de Santos (ACS), o presidente, Roberto Clemente Santini; o 1.º diretor financeiro, André Canoilas; Vítor de Souza, presidente do Conselho Fiscal; Fabrício Guimarães Julião, do Conselho Fiscal; Lupércio Simão Conde, coordenador da Câmara Setorial de Incorporação e Construção Civil; e Marcio Calves, diretor executivo.

MARCELO SANTOS

ENVIADO A LISBOA

Depois de uma onda de investimentos pesados em infraestrutura em Portugal, importante para modernizar o país, mas que o empurrou para um endividamento perigoso, Lisboa se prepara para uma nova fase de modernização. A capital portuguesa fomenta com a iniciativa privada projetos urbanísticos em sua maioria próximos às margens do Rio Tejo.

O arquiteto Paulo Pais, do Departamento de Planejamento da Reabilitação Urbana de Lisboa, diz que a intenção é requalificar o espaço público como âncora da revitalização do Centro Histórico. A expectativa é atrair investimentos privados que sustentem esses gastos e gerem muitos empregos.

Pais esteve ontem na Câmara de Comércio de Lisboa, que recebeu a comitiva com empresários e autoridades do Fórum da Indústria da Construção de Santos e Região (Ficon). O Ficon é uma iniciativa do Sistema A Tribuna de Comunicação, com realização da Una Marketing de Eventos.

Lisboa pretende repetir o sucesso do Parque das Nações, complexo com shopping center, hotéis, moradias e até cassino que ocuparam a degradada zona oriental da capital.

O Município pretende utilizar dinheiro público ou fundo de turismo para instalar museu e recuperar elevadores públicos ou cobrar taxas do setor privado, interessado em se instalar nessa região, para obter mais recursos. Nos anos 1990, o governo federal loteou e vendeu áreas do Parque das Nações para empresários.

Entre as áreas que serão requalificadas estão a Praça do Comércio, a Ribeira das Naus, onde eram feitas as embarcações que desbravaram os mares, e o terminal de transatlânticos. "O investimento privado será fundamental para o desenvolvimento dos projetos”, afirma Pais.

A comitiva do Ficon também visitou ontem a Prefeitura de Lisboa. “Temos ótimas oportunidades na construção civil”, diz o vereador Carlos Castro, cuja função equivale à de secretário de Relações Internacionais de Lisboa.

“Temos que reforçar nossos laços com a Europa através de Portugal pela facilidade da língua e afinidades de nossos espíritos”, defende o vice-governador Márcio França.

Além de França, participam das atividades do Ficon os prefeitos Alberto Mourão (Praia Grande), Paulo Alexandre Barbosa (Santos), Márcia Rosa (Cubatão) e Mauro Orlandini (Bertioga), além do presidente da Câmara de Santos, Marcus de Rosis, e do secretário de Planejamento e Gestão de Guarujá, Fabio Serrano, entre mais autoridades e empresários.

O Ficon também acompanhou a inauguração da terceira sede da incubadora de startups de Lisboa, que já apoiou mais de 180 negócios.

O Fórum da Indústria da Construção de Santos e Região encerra hoje a viagem técnica à capital portuguesa com atividades no Porto de Lisboa e em Cascais.

 


 

# Praia Grande

No final do seminário organizado pela Câmara de Comércio de Lisboa para a comitiva do Ficon, o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, decidiu desenvolver uma parceria com a instituição. O acerto foi feito com o diretor-executivo do InvestLisboa, Rui Coelho, que é ligado à câmara.

Mourão quer aproveitar os formatos que a comunidade empresarial da capital portuguesa desenvolveu para se relacionar com o poder público. Ele diz que em Lisboa o setor privado leva propostas às autoridades públicas, é mais propositivo, e as entidades empresariais não são basicamente lobistas ou somente pressionam por incentivos fiscais.

O prefeito diz que a comunidade lisboeta dá o exemplo por encaminhar ao setor público reivindicações mais coletivas. Para Mourão, no Brasil o individualismo é muito mais comum.

 


 

# Saiba mais

>>Patrocínio

O Ficon 2015 tem o patrocínio da Engeterpa, Ecorodovias, Grupo Macuco, Grupo Mendes, L. Lopes, Silamar, Vértice e WDS.

>>Apoio

Apoiam o Ficon 2015 a Associação Comercial de Santos, Associação de Empresários da Baixada Santista (Assecob), Caixa Econômica Federal, Governo Federal, Seconci-SP, Sinduscon-SP e prefeituras de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande e Santos.

 


 

# Parque das Nações é legado de evento

Há 22 anos os portugueses começaram a se preparar para o evento que se tornaria uma grande vitrine do país, a Exposição Universal. Porém, eles não queriam ter o mesmo resultado de cidades-anfitriãs das edições anteriores que gastaram muito dinheiro sem deixar um legado que atraísse novos investimentos.

Encerrada a exposição de Lisboa em 1998, a área do evento na zona oriental da capital portuguesa, antes uma região degradada e com solo contaminado, com matadouro e petroquímica, transformou-se no Parque das Nações. Este local hoje está totalmente ocupado por habitações, edifícios de vidro com linhas arrojadas, linhas do metrô, o maior shopping center de Lisboa, o Vasco da Gama, do Grupo Sonae, o Oceanário, o Pavilhão Nacional e o Cassino de Lisboa. Grandes esculturas se espalham por todos os lados.

A modernidade do Parque das Nações se opõe à da Lisboa histórica com seus casarões preservados. Os espaços públicos são arrojados, como as passarelas de pedestres e as coberturas das instalações. A arquitetura com traços arredondados estimula os cliques dos turistas.

Segundo o diretor-geral do InvestLisboa, Rui Coelho, o gasto do país com a Exposição Universal foi superado em oito vezes pelos investimentos imobiliários no Parque das Nações. “Esta região se transformou em uma zona moderna”.

A lição, contudo, não foi totalmente aprendida. Tal como os brasileiros se irritaram com os gastos com os estádios da Copa do Mundo, os portugueses questionam até hoje os investimentos em dez estádios de futebol para a Euro 2004. Por exemplo, o Estádio Algarve, que está subutilizado, recebe jogos de vez em quando.

 


 

# Estacionamentos utilizam apps e carros elétricos

A Empresa Municipal de Estacionamentos de Lisboa (Emel), como o próprio nome indica, surgiu para tentar ordenar a falta de vagas para veículos nas ruas da capital portuguesa.

Duas décadas depois, a estatal ampliou sua área de atuação e investiu na tecnologia, cobrando tarifas via smartphone ou faturando com o uso de veículos elétricos.

Segundo o responsável por Novos Projetos da Emel, Vasco Vilela, a empresa também instalou 600 pontos de abastecimento para veículos elétricos.

Vilela participou ontem do seminário da Câmara de Comércio de Lisboa organizado para os membros do Ficon.

A estatal também lançou estações em que o motorista pode retirar por poucas horas um carro a eletricidade, tal como nos pontos que oferecem bicicletas.

A Emol também fornece veículos elétricos para autoridades públicas do executivo municipal e da Câmara, para serviços públicos, como os de limpeza e jardinagem, e para o transporte público, como ônibus.

Nos estacionamentos, que é sua função original, a empresa estimula o uso do pagamento com aplicativos em smartphone, já responsáveis por 10% do movimento. A empresa ainda utiliza formatos antigos, como parquímetros e cartões.

Sem a estrutura de cobranças de multas para eventuais irregularidades ou abusos, existente no Brasil, a empresa investiu no que chama de estacionamento voluntário.

Não é exatamente o “pague se quiser”. O usuário tem que utilizar uma das formas de pagamento, mas sabe que não haverá fiscais para vigiá-lo, algo impensável para dar certo no Brasil.

 


 

# Surpresa

Ainda abalado pela crise econômica, Portugal é considerado pelo jornal inglês Financial Times como a surpresa da União Europeia nas reformas, com aprovação de leis menos restritivas e privatizações que estimulam o ingresso de capitais.

 


 

Confira a capa de A Tribuna com a chamada da reportagem

Confira a reprodução da reportagem na página C-3

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