09 de agosto de 2021

PORTO: Porto de Santos apoiará navios ‘verdes’

Antes da privatização, prevista para 2022, estatal planeja descontos para transporte com combustível mais limpo, entre outras ações

Fonte:  O Estado de S. Paulo

Amanda Pupo

 

Com previsão de ser privatizado em 2022, o Porto de Santos traçou planos para reforçar a agenda de sustentabilidade no complexo portuário, o maior da América Latina. Os projetos vêm no embalo da inclusão da Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o porto, na Rede Brasil do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada a compromissos ESG (sigla em inglês para os aspectos ambiental, social e de governança).

Em entrevista ao Estadão/broadcast, em que revela a recente aprovação para integrar a lista da ONU, o presidente da SPA, Fernando Biral, antecipou medidas que a empresa colocará em prática nos próximos meses ou durante a concessão das atividades do porto. “Nós fizemos a lição de casa, então, agora, precisamos ter uma agenda mais ambiciosa”, disse Biral, que citou ações pela água, clima, contra a corrupção e de comunicação e engajamento.


As iniciativas estarão previstas na revisão do planejamento estratégico 2021-2025 da companhia, que deve ser aprovado até o fim de agosto pelo conselho de administração. Uma delas tem como objetivo incentivar a descarbonização das embarcações. Isso será feito por meio de uma redução da tarifa de utilização da infraestrutura portuária para navios “verdes”, que emitem menos poluentes. A proposta já foi encaminhada para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Todo navio que tiver um combustível mais limpo vai ter um desconto na tarifa”, disse Biral, no comando da SPA desde o ano passado.


Outra medida avaliada pela companhia é a eletrificação do cais do porto. A ação será implantada mais a longo prazo e, por isso, deverá ser conduzida pela empresa que arrematar a concessão dos serviços de administração do porto na privatização. A iniciativa possibilita que os navios desliguem os motores movidos a óleo enquanto estiverem atracados, para usufruir da eletricidade que será oferecida pelo porto. Como consequência, menos combustível é queimado, com redução na emissão dos poluentes.


“No porto, o navio fica parado, mas também fica queimando óleo, e o que queremos fazer é disponibilizar infraestrutura elétrica para que, em vez de queimar esse óleo, ele possa se plugar na rede elétrica”, afirmou. Segundo ele, os portos da Califórnia já oferecem esse serviço. A ideia inicial é que a obrigação de eletrificação esteja prevista
no contrato da concessionária que operar o porto.

O presidente da SPA reconhece que, para a mudança ser usufruída pelas embarcações, há um custo, já que o uso do cais eletrificado demanda uma reforma nos navios. Mas essas inovações fazem parte de um movimento em curso no mundo todo, que exige a redução da intensidade de carbono no transporte marítimo. Recentemente, a Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu novas medidas obrigatórias para que os navios diminuam a emissão de gases poluentes.


“Recentemente, a IMO aprovou uma melhoria no combustível, que tende a emitir menos gases de efeito estufa, e essa ação de eletrificação do cais é outra iniciativa para reduzir ainda mais esse tipo de emissão”, disse o gerente de Sustentabilidade da SPA, Bruno Takano.

A estatal também planeja um inventário de gases de efeito estufa, que servirá para medir com precisão em quanto está a emissão desses poluentes no local do porto. Segundo Takano, para a realização do inventário, a companhia está em estágio final de contratação e a previsão é que, a partir do próximo ano, os estudos sejam iniciados. Além dessa iniciativa, o porto fará uma avaliação dos riscos das mudanças climáticas nas operações portuárias.

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