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Santos, SP/

23/02/2011

O charme das ferrovias de volta aos trilhos

Editorial

Numa época em que a população brasileira se concentrava no campo, com mais de 80% residindo em sítios, fazendas e vilas, a chegada das ferrovias a pontos distantes do país, na primeira metade do século 20, funcionou como grande motivador de mudanças de comportamento nas pessoas.

Antes mesmos do próprio rádio, que só se disseminaria pelo interior a partir da Segunda Guerra Mundial, as locomotivas inovaram levando notícias e costumes da capital, junto com o transporte de pessoas e cargas. Jornais e revistas, por exemplo, chegavam somente pelo trem.

O fascínio pelo novo meio de transporte era tanto que, durante décadas, as estações ferroviárias funcionaram como ponto de encontro, para se ver quem partia e quem chegava ou para um simples bate-papo. Entre os mais jovens, era o lugar ideal para as paqueras.

Atento para o potencial da estação ferroviária como aglutinadora de pessoas, e numa época em que as disputas eleitorais ainda não tinham sido contaminadas pelos marqueteiros, Jânio Quadros criou o "Expresso da Vitória" e percorreu boa parte do país num trem na sua bem sucedida campanha presidencial de 1960.

Desprezadas pelos governantes, coincidentemente, a partir do golpe militar de abril de 1964, as ferrovias começaram a declinar, ao mesmo em que se privilegiava o transporte rodoviário, e perderam todo seu charme e importância econômica.

As sobreviventes assumiram outro perfil e são usadas apenas para cargas, reduzidas a commodities, como minérios e grãos, e combustíveis.

Diante de uma situação em que o transporte de carga tornou-se limitado e o de pessoas foi praticamente extinto, é alentadora a iniciativa da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que estuda a viabilidade de construir dez mil quilômetros de ferrovias no país nos próximos anos.

Como mostra a repórter Juliana Rangel nas páginas 18 e 19, o projeto, caso saia do papel, envolverá aportes de R$ 40 bilhões e será desenvolvido paralelamente ao do trem-bala.

Além de cargas, passageiros voltariam a ocupar seus lugares, no que pode ser um bom recomeço desse meio de transporte.

Fonte: Brasil Econômico - 23/2/2011
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