Editorial
A crise de mão de obra enfrentada por empresas industriais e de serviços e que começa a se estender à atividade rural indicam quanto as administrações nos três planos de governo se descuidaram de um assunto tão vital para o desenvolvido sustentável do país.
O descuido oficial foi completado pelo desinteresse privado e - exceto raras iniciativas - levou a um quadro que corre o risco de se caracterizar como mais um entre os vários "apagões" a ameaçar o ritmo de expansão da economia brasileira.
"O Brasil vive uma situação muito diferente dos Estados Unidos, por exemplo, onde os empresários investem nas universidades. O governo precisa agir para induzir movimentos como este no país", alerta Isa Assef, presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti).
A intenção do governo federal de criar quatro fundos setoriais para ciência, tecnologia e inovação é alentadora e encontra respaldo junto ao mundo acadêmico, começando pela Abipti que propõe o fortalecimento da relação entre institutos de pesquisa, academia e empresas para a aplicação de verbas em pesquisa e tecnologia.
Exemplo a ser seguido nessa integração é o da Unicamp, referência no país em inovação, que em 2010 chegou à invejável marca de 600 famílias de patentes registradas. São 201 "filhas da Unicamp", como são conhecidas as empresas fundadas por alunos e ex-alunos.
Além da Unicamp, temos também os exemplos inovadores de São Carlos, no interior paulista, e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com 220 mil habitantes, São Carlos soma 240 empresas de base tecnológica. A UFMG com 61 pedidos de patentes em 2010, superou os 52 da Unicamp, mas continua atrás em número de licenciamentos.
"O fato de termos ultrapassado a Unicamp mostra que estamos crescendo, mas sabemos que por vários fatores ainda estamos atrás da universidade paulista", diz Ado Jorio de Vasconcellos, coordenador de transferência tecnológica e inovação da UFMG.
E, resumindo o principal gargalo da pesquisa e tecnologia no país, complementa: "até mesmo pelo incentivo financeiro que ela recebe do estado".
Fonte: Brasil Econômico - 19/4/2011
19/04/2011