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Santos, SP/

04/08/2011

Fundo é insuficiente para Espanha e Itália

Enquanto se agrava a pressão dos mercados sobre Itália e Espanha, analistas destacam que mesmo que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) utilize todos os recursos de que dispõe para apoiar os dois países, só poderá gastar no máximo € 340 bilhões, volume insuficiente para socorrer a terceira e a quarta economias europeia.

No segundo resgate da Grécia, no mês passado, a cúpula de líderes europeus ampliou a funções do EFSF para socorrer os países que, mesmo sem ser resgatados, atravessassem dificuldades no mercado de dívida.

Ocorre que o valor de € 340 bilhões que resta no fundo no momento é equivalente a apenas 13% do estoque da dívida governamental espanhola e italiana. Em comparação, no ano passado o Banco Central Europeu (BCE) comprou 15% da dívida grega, mas não conseguiu evitar que o rendimento dos títulos de 10 anos de Atenas dobrasse.

A avaliação no mercado é de que a fronteira entre o resgate e a sobrevivência de um país está justamente no fato de seu título de 10 anos não superar a rentabilidade de 7%. O economista Ben May nota que os títulos de 10 anos da Grécia atingiram 7% três meses depois de ter quebrado a barreira de 6%, e Portugal e Irlanda levaram apenas dois meses.

Ou seja, até que o fundo europeu tenha mais poder financeiro para socorrer a Itália e a Espanha já poderá ser tarde demais. Esse socorro nos moldes aplicados a Portugal exigiram quase € 800 bilhoes, ou seja, o dobro da munição atual do EFSF pelos cálculos de economistas alemães.

O chefe do governo espanhol, José Luís Zapatero, conclamou ontem o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, a que a Europa aprove o quanto antes o plano de ajuda para a Grécia e a reforma do mecanismo europeu de apoio à zona do euro.

O presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso, só pode mesmo reclamar que os ataques do mercado contra a Itália e a Espanha causam "profunda preocupação" e são "injustificados levando-se em conta os princípios econômicos e orçamentários dessas economias".

A avaliação no mercado, porém, é que mesmo a compra de títulos dos dois governos pode até atenuar problemas de liquidez, mas não vai alterar a fragilidade das duas economias, com problemas de competitividade e produtividade baixa. Analistas estimam que a Itália e a Espanha ficarão estagnadas pelos próximos anos.

Isso torna ainda mais difícil para qualquer governo em Madri e em Roma alcançar as metas de redução da dívida sem novas medidas de austeridade, o que, por sua vez, provocará mais tensões sociais.

O comissário de assuntos econômicos e financeiros da UE, Olli Rehn, disse que, em todo caso, ao ministro de finanças da Itália, Giulio Tremonti, que confia plenamente que o governo de Sílvio Berlusconi adotará as medidas necessárias para recuperar a economia.

Sobretudo, a mensagem de Bruxelas foi de que não há nenhuma discussão de plano de socorro para a Itália ou Espanha.

Mas certos analistas veem aumentar a possibilidade de as duas economias terem de reestruturar suas dívidas, com consequências para a zona do euro e o mercado financeiro.

Assis Moreira | De Genebra

Fonte: Valor Online - 04/08/2011

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