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Santos, SP/

02/05/2011

Exportar ainda é o que importa?

Costábile Nicoletta - Diretor Adjunto do Brasil Econômico

O Brasil é um grande exportador de matérias-primas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, dos quase US$ 202 bilhões de mercadorias embarcadas no ano passado para outros países, 44,6% constituíram-se de itens básicos (como minérios) e 14% foram semimanufaturados (como celulose).

Esse perfil propiciou à economia brasileira passar quase que incólume pelas últimas crises financeiras mundiais.

Por menos charmosos que sejam esses insumos, eles são praticamente gêneros de primeira necessidade não só para mercados como o chinês - para onde foram 15,3% de nossas exportações em 2010, tornando o país asiático nosso maior parceiro comercial -, mas para qualquer país desenvolvido e em desenvolvimento.

Ser um grande exportador de matérias-primas tem sido motivo de críticas de toda ordem: em artigos de jornais, em comentários de "especialistas" no rádio e na televisão, em pleitos de lobbies no governo, nas teses de doutorado econômico, nas salas de café de entidades empresariais, etc.

"O Brasil precisa exportar produtos de maior valor agregado" é uma cantilena que se ouve desde que os militares instituíram o slogan "Exportar é o que importa", na década de 1970.

Se for verdade que a intromissão do governo federal na mudança de comando da Vale decorreu de conflitos de interesse entre o que a presidente Dilma Rousseff esperava da mineradora e o que Roger Agnelli, o ex-chefão da empresa, pretendia, é de esperar que os críticos do modelo exportador brasileiro revejam sua posição.

Um dos objetivos de Dilma e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, era fazer com que a Vale investisse, por exemplo, em siderurgia para, em vez de minério, vender aço, um produto de maior valor agregado que o ferro em estado bruto, embora ainda um semimanufaturado. Ao que parecesse, não era esse o intuito de Agnelli.

A troca de presidente na Vale transformou-se num ato de comoção nacional, mas poderia servir para uma discussão diferente.

Compensa ganhar os tubos quando a cotação das commodities está nas alturas e ficar sujeito a perder esse mercado no futuro para sucedâneos? O que é mais importante para o Brasil, exportar minério de ferro, aço, automóveis?

O etanol surgiu como opção brasileira ao petróleo depois que o preço desse combustível fóssil passou a corroer as divisas dos países que não dispunham dessa fonte de energia.

Pichar o Brasil porque o país exporta minério e falar mal do governo porque intervém numa empresa por querer que ela agregue valor a esse minério é uma aparente incoerência. Apesar de privatizada, a Vale continua de interesse nacional, tanto que o Estado manteve poder de veto em algumas decisões da companhia.

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Costábile Nicoletta é diretor adjunto do Brasil Econômico
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