Arrecadação recorde de impostos permitiu crescimento dos gastos.
Tesouro destaca que despesas com investimentos avançaram mais.
Alexandro Martello Do G1, em Brasília
As despesas totais do governo, o que inclui os gastos correntes dos ministérios (pessoal, subsídios e assistência social e manutenção da máquina pública, entre outros), além dos investimentos, bateram recorde em 2010, ano eleitoral, segundo números divulgados nesta sexta-feira (29) pela Secretaria do Tesouro Nacional.
No ano passado, os gastos totais do governo chegaram à marca inédita de R$ 700 bilhões, ou 19,14% do Produto Interno Bruto (PIB). Trata-se do maior valor da série histórica do Tesouro Nacional, que tem início em 1997, tanto para o valor em reais, como na proporção com o PIB. Esse aumento só foi possível porque a arrecadação também bateu recorde no ano passado.
Em 2009, recorde anterior, os gastos totais do governo haviam totalizado R$ 572,18 bilhões, o equivalente a 17,96% do PIB. No ano retrasado, o governo informou que levaria adiante uma política anticíclica, ou seja, elevaria os gastos públicos para estimular a economia brasileira, que se ressentia dos efeitos da crise financeira internacional.
Os dados do Tesouro mostram que as despesas continuaram crescendo também em 2010, ano marcado pelas eleições, mas no qual o governo eliminou benefícios fiscais (IPI reduzido para a linha branca e automóveis, entre outros) e começou a tomar, mais para o fim do período, medidas para conter a inflação - como a retirada de R$ 61 bilhões da economia.
"Na proporção com o PIB nominal, os gastos com pessoal caíram em 2010. E as despesas com investimentos cresceram mais do que os gastos com custeio.O ideal é isso. O importante é ter um setor público capaz de manter a infraestrutura do país. Para não termos, por exemplo, apagões de energia", disse o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Custeio, capital e pessoal
Os números do Tesouro Nacional mostram que os gastos com investimentos foram os que mais cresceram no ano passado, mas também revelam que os gastos com o custeio da máquina pública, que o governo buscará conter em 2011 por meio de cortes no orçamento, também avançaram e bateram recorde da série histórica, que começa em 1997. Já os gastos com pessoal recuaram, na proporção com o PIB, frente a 2009.
O Tesouro informou que as despesas com investimentos somaram US$ 47,1 bilhões no ano passado, ou 1,29% do PIB - novo recorde histórico. Em 2009, haviam somado R$ 34,1 bilhões, ou 1,07% do Produto Interno Bruto. Já os gastos de custeio somaram R$ 124 bilhões no ano passado, ou 3,39% do PIB (também novo recorde), contra R$ 105,8 bilhões, ou 3,32% do PIB.
No caso das despesas com pessoal, elas somaram R$ 166,48 bilhões no ano passado, ou 4,55% do PIB, contra com R$ 151,6 bilhões, ou 4,76% do PIB em 2009. A proporção do PIB, para a comparação, é considerada mais apropriada por especialistas. O pagamento de benefícios previdenciários, por sua vez, somou R$ 254 bilhões no ano passado, ou 6,97% do PIB, contra R$ 224 bilhões em 2009 (7,06% do PIB).
Fonte: G1 - 28/1/2011
28/01/2011