Clima e Previsão do Tempo
Santos, SP/

27/06/2011

Cabe atenção ao exemplo do Sushi

Fábio Feldmann - Consultor em sustentabilidade

Um dos temas mais desafiadores reside em tornar a construção civil mais sustentável. O setor tem um papel crucial na emissão de gases efeito estufa, no uso de recursos naturais e na geração de resíduos, de modo que torná-lo ecoeficiente traria muitos benefícios.

Ao levarmos em consideração o déficit habitacional no Brasil, fica mais evidente a necessidade de políticas habitacionais e de desenvolvimento urbano eficazes, que aumentem a qualidade de vida dos habitantes das cidades brasileiras.

Na semana passada, participei de um evento promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma ) e Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) que tratou do tema com enfoque em habitação de baixa renda num programa denominado Sushi (Sustainable Social Housing Initiative), cujo objetivo é demonstrar que a incorporação de variáveis como conservação de água e de energia é viável.

E, ao contrário do senso comum de que bens e serviços sustentáveis são mais caros, o Sushi demonstrou que é possível construir habitações de qualidade sem acréscimos significativos de custos.

O importante, a meu ver, reside na incorporação da sustentabilidade desde a concepção do projeto, aproveitando melhor as condições bioclimáticas, como a luz natural e a insolação e inserindo o contexto da paisagem urbana onde se localiza.

Procurar estabelecer dimensões que dispensem a necessidade de ar-condicionado e que assegurem bom conforto térmico, bem como a implantação de vegetação que garanta sombreamento, pensando até em telhados verdes, que podem auxiliar no combate a enchentes nos períodos de chuvas.

Estou mencionando os itens acima porque o que se verifica em empreendimentos de baixa renda é exatamente o contrário: residências com pé direito baixíssimo supostamente em função do barateamento da construção, ou mesmo com previsão de implantação futura de ar-condicionado.

No evento, o presidente do CBCS, Marcelo Takaoka, comentou que o desconforto térmico de tais construções tem trazido problemas, desde o mau desempenho escolar das crianças até o aumento de alcoolismo, pelo fato de que os pais buscam os bares mais próximos para fugir do calor excessivo nos dias mais quentes.

No evento realizado na Escola Politécnica de São Paulo, ficou evidente que existem iniciativas importantes em curso no Brasil, patrocinadas pelos governos federal e estadual, mais especificamente pelo Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal, e, em São Paulo, pela Secretaria de Habitação e CDHU.

No caso do governo federal, critérios de sustentabilidade estão sendo exigidos para concessão de crédito imobiliário, instrumento que tem se demonstrado extremamente eficaz na implementação de políticas públicas ambientais.

E, à medida que se expandir a cultura de sustentabilidade na construção civil, haverá avanços na direção de uma economia de baixa intensidade de carbono e com aumento de qualidade de vida da população mais pobre.

Por sua vez, há que se mencionar o trabalho exemplar que a Secretaria de Habitação de São Paulo e CDHU têm realizado em Cubatão, no projeto de realocação da população dos bairros cota de Cubatão: os representantes das Nações Unidas ficaram surpreendidos com a qualidade das habitações e não esconderam que o empreendimento vai se tornar uma referência obrigatória no mundo em termos de habitações sociais para baixa renda.

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Fabio Feldmann é consultor em sustentabilidade

Fonte: Brasil Econômico - 27/6/2011
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