Luis Vicente Rizzo - Diretor-superintendente do Instituto Israelita de Ensino de Ensino e Pesquisa Albert Einstein
Fatores socioeconômicos e culturais são reconhecidos como determinantes nos processos de planejamento e gestão. O conhecimento preciso do alvo nos fornece considerável vantagem competitiva na formulação de estratégias e obtenção de resultados positivos de conquista.
É isso que toda empresa faz antes de dar qualquer passo em direção ao investimento. Afinal, as decisões de onde e como aplicar recursos não podem ser ditadas apenas por um sentimento ou opinião, mas devem ser guiadas pela informação mais precisa possível.
Na saúde, seja pública ou privada, o conhecimento das características de determinada região é fundamental para assegurar a correta identificação das necessidades populacionais e o oferecimento de serviços adequados àquelas necessidades particulares, o que reduz a iniquidade entre os diferentes grupos sociais e/ou geográficos.
Afinal, saúde é um produto social, derivado das relações sociais presentes em um dado cenário político, econômico, ideológico e cultural.
Isso já está sendo aplicado em São Paulo. Por aqui, a Prefeitura e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein concluíram o Atlas da Saúde do Município, que - a partir do georreferenciamento - mapeou a distribuição espacial da Rede de Serviços de Saúde, sua infraestrutura e a ocorrência de doenças e fatores de risco, o que gerou um novo conceito de oferta e demanda em saúde pública.
Também são apresentados, a partir de indicadores geográficos e socioeconômicos, dados sobre mortalidade e doenças de notificação compulsória, além de mapas, gráficos e tabelas que proporcionam uma compreensão visual da distribuição dos indicadores de saúde em todo o território.
O ritmo, a distribuição etária e as causas de óbito numa população variam muito entre as diversas regiões do mundo, grupos socioeconômicos, sexo etc. A maneira como as pessoas morrem é uma boa representação das condições nas quais vivem. A coleta, análise e interpretação dos dados de mortalidade têm sido importante instrumento na avaliação e acompanhamento dos níveis de saúde de uma população.
Nesse contexto, o Atlas da Saúde surge como uma importante ferramenta de gestão, pois seus indicadores influenciam diretamente na aplicação dos recursos, por intermédio de um modelo facilmente adaptado a outras regiões. Modelo, aliás, que está sendo aplicado em Fortaleza, no Ceará, onde -com auxílio da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein - está se formatando o maior estudo epidemiológico de Acidente Vascular Cerebral do Brasil.
Quando levamos o georreferenciamento para o lado da ciência, encontramos ferramentas como a Biomednet, que permite realizar um levantamento por regiões dos cientistas que trabalham em determinadas áreas do conhecimento, assim como a quantidade e qualidade de seus trabalhos, bem como seu network de colaborações. Isso ajuda a encontrar colaboradores e traçar ações de incentivo, por exemplo.
Quão diferentes seriam as nossas decisões se tivéssemos mais e melhores informações na hora de tomá-las? Quantos recursos de tempo e dinheiro já desperdiçamos como resultado da falta de informações precisas ou mesmo adequadas?
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Luiz Vicente Rizzo é diretor-superintendente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein
Fonte: Brasil Econômico - 15/6/2011
15/06/2011