Coluna O Porto e Suas Questões
Paulo Schiff(*)
1) O ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos, Antônio Henrique Silveira, insiste na licitação de um terminal para operação com grãos na Ponta da Praia em Santos. E deixa claro na argumentação que vê Santos continuando a ser “um porto extremamente importante” nesse tipo de carga “nos próximos 10, 15 anos”.
2) A Companhia Brasileira de Abastecimento divulga a estimativa da safra 2013-2014: quase 200 milhões de toneladas. Os 187 milhões da safra atual vão ser incrementados em cerca de 5% e ultrapassam os 196 milhões.
3) A América Latina Logística patina e não consegue a licença para a duplicação da ferrovia que liga o interior de São Paulo a Santos. Quatro anos depois da assinatura do contrato com a açucareira Cosan, as dificuldades para o licenciamento ambiental ainda não foram superadas. O traçado atravessa uma reserva indígena. Os contratos entre a ALL e a Cosan vão ser revistos num tribunal de arbitragem em função dessa demora. Fica subentendido que a obra está ameaçada por essa demora.
A safra de grãos aumenta. A expansão dos acessos ferroviários para o Porto de Santos trava. A vocação para embarque de grãos permanece intocada. Equação complicada. O prefeito de Santos quer mudar a operação de grãos para a área continental por causa da poluição. Mas a grande ameaça para o ano que vem é o agravamento do caos nas estradas e no sistema viário que castigou transportadores rodoviários e as cidades da Baixada Santista no escoamento da safra deste ano.
O mercado internacional em expansão de consumo vai continuar requisitando em escala crescente a soja, o milho e o açúcar produzidos no Brasil. O país vai ter quantidade maior disponível para a exportação. E a opção vai continuar sendo o caminhão.
Em Guarujá, está prevista para junho a entrega do novo acesso aos terminais construído pelos próprios terminais. A Companhia Docas também se compromete a exigir rigor crescente no planejamento da chegada dos caminhões. Em Cubatão avançam as negociações para a construção de uma via arterial que desafogaria a Cônego Domenico Rangoni. E Santos trabalha na reformulação da entrada da cidade. Outro gargalo, o Trevo de Cubatão, vai ser substituído por um anel viário que está sendo construído pela Ecovias em troca de um aditamento do prazo de concessão do sistema Anchieta-Imigrantes. Para 2015 ou 2016, as coisas devem melhorar.
E no ano que vem?
(*)Paulo Schiff é jornalista. Email: prschiff@uol.com.br