Coluna O Porto e Suas Questões
Paulo Schiff(*)
A confiança dos empresários brasileiros na eficiência logística do país se esgarçou de dois anos para cá. E esgarçou muito. O índice que avalia essa percepção é ranqueado pelo Banco Mundial. Em 2012, o Brasil estava na 45.ª posição entre os 160 países acompanhados. No mês passado, na atualização mais recente, apareceu em 65.º.
Como esse ranking não avalia dados objetivos, mas sim a percepção dos empresários, cabe prospectar o que teria derrubado dessa maneira a confiança deles na infraestrutura do país num período tão curto.
Aí duas possibilidades aparecem imediatamente:
1) Essa primeira tem tudo a ver com o Porto de Santos: os megacongestionamentos do ano passado. As filas de caminhões chegaram em algumas ocasiões a atingir 40, 50 km de extensão. Frequentaram os telejornais de rede nacional e as manchetes dos jornais. O colapso deve ter causado uma impressão muito forte nos empresários. Uma porque o Porto de Santos movimenta quase um terço do comércio internacional brasileiro. E outra porque quem é do ramo sabia muito bem que, para melhorar esse acesso neste ano, Santos dependeria só de providências burocráticas. Nenhuma obra estruturante ficaria pronta para o escoamento da safra 2013-2014. Como realmente não ficou.
2) O atraso das obras do Programa de Aceleração do Crescimento, conjugado com os acréscimos de orçamento. As obras custam quase o dobro do valor com que são apresentadas inicialmente. E demoram de 4 a 5 anos mais do que o prazo previsto. Dinheiro insuficiente e ritmo de tartaruga constituem uma dupla de fatores que invariavelmente deixa qualquer empresário desconfiado.
O resultado é essa queda de 20 posições do Brasil no ranking do Banco Mundial.
(*)Paulo Schiff é jornalista. Email: prschiff@uol.com.br