Coluna O Porto e Suas Questões
Paulo Schiff(*)
Este começo de 2014 está carregado de incertezas no Porto de Santos.
Em relação à safra de grãos, por exemplo, só se sabe que ela vai ser recorde. O que significa, quase automaticamente, aumento das exportações, ou seja, que o embarque de grãos também vai ser maior que os de todos os anos anteriores. Mas quanto? O IBGE chegou a divulgar uma estimativa de 196 milhões de toneladas em dezembro. O calor e a escassez de chuvas baixaram essa previsão para um nível abaixo de 194 milhões.
Seja um valor ou seja outro, esses números remetem a outra incerteza:
- Será que as providências tomadas para evitar o caos do ano passado com milhares de caminhões em mega-congestionamentos vão funcionar? Os caminhoneiros estão obrigados neste ano a passar por um pátio de estacionamento regulador e a ter pré-agendamento de descarga e os terminais graneleiros estão sujeitos a multas pesadas se forem acessados por caminhões não-agendados. Tem polícia na fiscalização, leitura ótica de placas e... incerteza. A terça-feira desta semana trouxe um congestionamento e um susto enorme...
Também há incerteza quanto ao ritmo das muitas obras estruturantes para equacionar os gargalos dos acessos ao Porto de Santos. O anel viário que vai substituir o trevo de Cubatão, o Veículo Leve sobre Trilhos entre Santos e São Vicente e o novo acesso da Rodovia Cônego Domenico Rangoni aos terminais de Guarujá estão sendo construídos. A entrada de Santos e o túnel submerso entre Santos e Guarujá estão em fase final de projeto executivo e pré-licitação e a Via Arterial entre as indústrias de Cubatão e o distrito industrial da Alemoa, em Santos, em fase final de estudos.
A incerteza é completa em relação ao resultado da disputa entre a Secretaria Especial de Portos (SEP) e a Prefeitura de Santos quanto à continuidade da operação de grãos na Ponta da Praia. A SEP quer licitar novos terminais ali. A Prefeitura, preocupada com a poluição por material particulado, com o mau cheiro que incomoda os moradores e a infestação de pombos e ratos, não quer esses novos terminais. Como a disputa está no Supremo Tribunal Federal, é difícil saber como vai terminar. A razão está do lado da Prefeitura.
(*)Paulo Schiff é jornalista. E-mail: prschiff@uol.com.br