Coluna O Porto e Suas Questões
Paulo Schiff (*)
A dragagem para manutenção da profundidade de 15 metros, recentemente conquistada, é cara. O governo federal está cortando gastos. Em abril, a Secretaria de Portos vai até discutir a possibilidade de privatização da manutenção dos canais dos portos públicos, em modelo semelhante ao adotado em rodovias. Esses dois vetores preocupam empresários e autoridades vinculados ao Porto de Santos.
Não se trata só da dragagem. A preocupação abrange outros investimentos na infra-estrutura que dependem de recursos federais. As avenidas perimetrais em Santos e em Guarujá, a reformulação da entrada de Santos...
As providências tomadas em relação à movimentação da safra de grãos evitaram, até agora, o caos verificado no sistema viário e rodoviário da Baixada Santista em 2013. Mas as projeções indicam um volume de cargas movimentadas em Santos equivalente ao dobro da movimentação atual em 10 anos. Cortes e atrasos nessas obras agora podem ser irrecuperáveis para o cenário 2024 / 2025.
Em torno da dragagem de aprofundamento do canal do estuário, existem ainda dois outros movimentos.
Um deles é o dos ambientalistas que entendem que as conseqüências dessa operação ainda não estão devidamente mapeadas. Atribuem a ela, por exemplo, o recrudescimento das ressacas na Ponta da Praia, em Santos, e a aceleração do processo de erosão em alguns pontos da costa em Guarujá, como, por exemplo, no caminho de Santa Cruz dos Navegantes.
O outro movimento é dos empresários. Eles estão pensando grande. E o objetivo passa a ser, a conquista de uma profundidade de canal – e de berços de atracação – de 17 metros em 2017.
Esse movimento é capitaneado até agora pelo novo presidente da Brasil Terminais Portuários, Antônio Pássaro. Neste empresa há entusiasmo em relação à dragagem. Até porque a BTP está entre as empresas que se responsabilizaram pelos recursos necessários para o aprofundamento do trecho do canal que dá acesso a elas.
A conquista dessa nova profundidade passa por estudos de viabilidade técnica e econômica. Quanto mais avança em relação à profundidade natural, mais cara a dragagem de manutenção.
Mas numa reunião que deve acontecer hoje, esse movimento empresarial deve conquistar importante apoio político: o do prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa.
(*) Paulo Schiff é jornalista. Email: prschiff@uol.com.br