Coluna O Porto e Suas Questões
Paulo Schiff(*)
2012 foi mais um ano de calvário para os motoristas que utilizam as vias de acesso ao Porto de Santos. Tanto para os que dirigem caminhões e carretas como para os de automóveis e motocicletas. Eles compartilham um sistema viário adequado às condições de tráfego da metade do século passado, mas não a essa segunda década do século 21.
É difícil explicar como um porto com a importância do de Santos pôde chegar a esse ponto de saturação dos acessos viários, rodoviários e ferroviários e a essa carência de alternativas hidroviárias.
A lei 8630/93, que privatizou a operação portuária, modificou radicalmente o cenário da movimentação de cargas na faixa do cais. De lá para cá portêineres e transtêineres gigantescos e informatizados passaram a fazer parte da paisagem, ao lado de empilhadeiras modernas. Esses equipamentos ajudaram a multiplicar a produtividade.
Tudo resultado da injeção de recursos das empresas. Privados.
Nos acessos, entretanto, a transformação não aconteceu.
Uma das explicações é a carência de dinheiro público para essas obras. A outra é a falta de força política dos representantes da região que só vêem obras desse tipo se multiplicarem em Campinas, Sorocaba, São José dos Campos...
Além da Perimetral de Santos, com boa parte já em uso, e da de Guarujá, na fase inicial das obras, só foi construída a pista de descida da Imigrantes nesse período de 93 para cá. Pelo modelo de concessão. E mesmo assim imprópria para o trânsito de caminhões.
Os gargalos são conhecidos: ligações secas entre as duas margens do Porto, entrada de Santos, túneis ferroviários na Serra do Mar, intersecção da Imigrantes com o sistema viário urbano de São Vicente...
Será que vai haver força política e recursos para eliminar esses gargalos em 2013?
Paulo Schiff é jornalista. Email: prschiff@uol.com.br