Coluna de Olho no Porto

Paulo Schiff(*)
 
Em 2010, o Porto de Santos movimentou quase 2,7 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). O crescimento foi de quase 21% em relação a 2009, ano atípico, de crise financeira internacional.

Em 2011, a movimentação encostou nos 2,9 milhões de TEUs, uma taxa de crescimento de 7%. A crise de 2008/2009 já tinha ficado para trás. Mas o número vem achatado pela crise da zona do euro, com desdobramentos mundiais.

Se a média desses dois crescimentos for mantida, em seis anos a movimentação ultrapassa o dobro da de 2011. O Porto de Santos movimentaria assim, em 2017, uma quantidade entre 6 milhões e 6,3 milhões de TEUs.

Motivos para festejar? Sem dúvida. Investimentos em equipamentos sofisticados, empregos qualificados nos terminais, mais fretes para o segmento das transportadoras, renda...

Motivos para preocupação? Também. Mais de 95% dos contêineres movimentados pelo porto chegam transportados por caminhões.

As estruturas viárias de Santos, Guarujá e Cubatão já dão claros sinais de saturação desse trânsito. O sistema rodoviário de ligação entre a Capital e a Baixada Santista – Anchieta-Imigrantes, também.

As previsões são realistas. Apresentam compatibilidade com o estudo do BID – Banco Interamericano de
Desenvolvimento - com projeção de movimentação em torno de 240 milhões de toneladas de cargas no Porto de Santos em 2024. Convém lembrar que o crescimento da carga conteinerizada vem apresentando índices bem superiores aos dos granéis.

Não há notícias de projetos para os sistemas viários das três cidades nos próximos anos, além das perimetrais em Santos e em Guarujá. A única iniciativa concreta é a da prefeita Marcia Rosa (PT), para o trevo de Cubatão na Anchieta,
Fala-se, ainda muito vagamente, numa terceira pista ao lado da Anchieta e da Imigrantes.

A opção ferroviária continua esquecida.

E 2017, em termos de planejamento de obras dessa dimensão, já está ficando para trás...
 
(*)Paulo Schiff é jornalista. Email: prschiff@uol.com.br