Coluna De Olho no Porto
Paulo Schiff(*)
O Porto de Santos deveria estar antenado na implantação do parque tecnológico.
Quando se escreve Porto, leia-se diretoria da Codesp, entidades que reúnem empresas, sindicatos e, principalmente, o sonolento Centro de Excelência Portuária.
Por décadas as únicas regiões do Estado carentes de uma universidade pública, a Baixada e o Vale do Ribeira viram atrofiar nesse período atividades que dependem de pesquisa científica e inovação. A pesca, por exemplo.
O Porto não é exceção.
Derrapa em procedimentos simples para empresas que capacitam com continuidade e rigor o corpo técnico, como Petrobrás e Sabesp para ficar em apenas dois exemplos. A novela do ISPS Code está aí para ilustrar essa fragilidade.
E pior, derrapa em questões que afetam duramente uma concorrência com outros portos que até hoje Santos não precisou enfrentar. Mas que vai passar a enfrentar, como vimos no texto da semana passada, que aborda a implantação do projeto do Super Porto de São João da Barra, no Rio de Janeiro, pelo empresário Eike Batista.
Inovação e pesquisa reduzem custos e aprimoram a qualidade e a velocidade da prestação de serviços. E são exatamente esses três fatores os de maior peso na definição de vantagens na concorrência.
As filas de caminhões nas estradas e as de navios na barra são questões equacionáveis com tecnologia e inovação. É difícil para alguém sem familiaridade com a operação portuária de Santos, por exemplo, acreditar que em pleno século 21, com a enorme disponibilidade de materiais leves, duráveis e resistentes e de estruturas articuláveis e de operação de montagem e desmontagem acessíveis a uma criança em idade escolar, a chuva paralise as operações de embarque de granéis. Paralisação essa que é computada em dezenas de milhares de dólares por dia para cada navio. Ou que o caminhoneiro precise ser torturado por horas e horas de espera sem conforto numa estrada para embarque da carga em períodos de safra de açúcar ou soja.
A Petrobrás, que já anunciou a implantação de uma unidade do seu sofisticado Centro de Pesquisas no litoral paulista, e a Sabesp certamente já estão antenadas para as possibilidades de parcerias que se abrem com o Parque Tecnológico de Santos.
E o Porto?
(*)Paulo Schiff é jornalista. Email: prschiff@uol.com.br