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Santos, SP/

21/02/2011

Deitados sobre berços esplêndidos

Coluna De Olho no Porto

Paulo Schiff(*)

Você já ouviu falar do Complexo Logístico Industrial do Açu? E do Super Porto do Açu?

Se você ainda não tem conhecimento ou conhece só superficialmente e tem atividade profissional relacionada ao Porto de Santos, aqui vão algumas notícias de impacto.

Na semana passada, o diretor do Banco Mundial para o Brasil, Makhtar Diop, fez uma visita às obras lá em São João da Barra, no Rio de Janeiro. Ficou impressionado. As imagens da draga colhendo material para aterro, da colocação de vigas no píer de minério (avançado no mar), do aterramento hidráulico e da fabricação e colocação de core locs, entre outras, são mesmo impressionantes. Core Locs são peças de concreto patenteadas pela U.S. Army Corps of Engineers (USACE). A geometria peculiar delas possibilita alcançar com uma só camada volumes equivalentes aos obtidos com duas camadas de elementos de outros formatos e reduzir 30% os custos das obras.

Não são só a dimensão e a tecnologia das obras que impressionam no complexo que inclui o super porto.

A operação de captação de recursos para financiamento junto a bancos estrangeiros recebeu dois conceituados prêmios internacionais no ano passado.

A área utilizada, 78 km², equivale exatamente a duas vezes a parte insular de Santos, que é de 39 km².

As ações da PORTX, desvinculadas da LLX em dezembro, valorizaram 800% no lançamento.

A Unidade de Tratamento de Petróleo do Complexo, que está em processo de obtenção de autorização junto à Agência Nacional de Petróleo – ANP, vai ter capacidade de tratamento de 1 milhão e 200 mil barris por dia !!! 60% do consumo atual do país!!!

O empreendimento, orçado em cerca de R$ 6 bilhões, atropela o que encontra pela frente. Em agosto do ano passado, o Ministério Público Federal pediu à justiça a paralisação da obra alegando dois motivos singelos:

Que a licença ambiental foi concedida pelo INEA – instituto Estadual do Meio Ambiente sem que tivesse sido realizado o Estudo de Impacto Ambiental - EIA.

Que a autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antaq – foi dada para exploração por prazo indeterminado sob a justificativa de que a obra é de pequeno porte.

Você pode argumentar que a concorrência futura com o Porto de Santos é insignificante. Mas você é capaz de apostar nisso? Imagine a capacidade de redução de custos na operação portuária de um empreendimento desse “pequeno” porte em economia de escala.

Avalie a capacidade de influência política de um empreendimento que realiza façanhas como essa e que já provoca a duplicação da BR-101 Norte.

Estamos lidando com profissionais.

Com ou sem a muito provável concorrência, você não fica com a sensação de que nós aqui em Santos estamos deitados eternamente sobre os nossos 53 berços de atracação esplêndidos?

(*)Paulo Schiff é jornalista. Email: prschiff@uol.com.br
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