Juan Quirós - Presidente do Grupo Advento e vice-presidente da Fiesp e da Abdib
A insólita comemoração dos economistas ante a desaceleração da economia nacional no terceiro trimestre de 2010, recém-divulgada pelo IBGE, corrobora preocupação consensual dos setores produtivos: para conquistarmos o direito de expandir nosso PIB a patamares mais ousados, são prementes algumas lições de casa em 2011.
A maior urgência é equacionar o desequilíbrio do câmbio, principal responsável pela elevação da importação e o recuo da indústria de transformação.
A prioridade máxima, contudo, é realizar as reformas tributária/fiscal, previdenciária e trabalhista, essenciais para reduzir o "custo Brasil". Há outras quatro questões decisivas.
A primeira refere-se à política de comércio exterior. A presente conjuntura do câmbio deixou ainda mais aparentes as vulnerabilidades brasileiras quanto à competitividade internacional e acesso aos mercados externos.
No que tange à competitividade, seu equacionamento implica as próprias reformas constitucionais, a modernização e adequação da infraestrutura e o incremento da inovação tecnológica.
Quanto à ampliação do acesso a mercados, pressupõe-se atuação mais assertiva nas negociações e acordos comerciais e a inserção de produtos e serviços com base de distribuição e comercialização em mercados estratégicos para o comércio exterior.
Para o sucesso nessas demandas, é preciso haver mais sinergia na política comercial, com um direcionamento compartilhado entre o setor público e a iniciativa privada.
O segundo tema é uma política eficaz para ampliar o número de empresas brasileiras com investimentos produtivos diretos no exterior. Consolidando-se como sétima maior economia, o Brasil ainda tem número muito restrito de companhias efetivamente internacionalizadas.
É preciso discutir a ampliação das atividades de alto interesse nacional, previstas em leis e que têm tratamento diferenciado em termos de financiamento. Há numerosas empresas emergentes e altamente aptas a se inserirem no mercado global, estabelecendo filiais e subsidiárias em outras nações.
O terceiro item importância é encontrar soluções efetivas para o financiamento da infraestrutura, equacionando-se os gargalos dos transportes e de energia e acelerando as obras necessárias à realização da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Uma das prioridades, nesse contexto, refere-se aos aeroportos. O quarto desafio pontual refere-se à falta de profissionais especializados, problema relacionado à precariedade do ensino que pode transformar-se em sério obstáculo para a área de infraestrutura.
O Brasil vai bem, mas poderá ir ainda melhor. Por isso, 2011 precisa ser um ano efetivamente novo quanto à perspectiva histórica de mudar os velhos problemas e não postergar as conhecidas soluções.
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Juan Quirós é presidente do Grupo Advento e vice-presidente da Fiesp e da Abdib
Brasil Econômico - 14/1/2011
14/01/2011